Sintonia do Amor

SHEH - Seminário Para Pregadores

SHEH Seminário de Hermenêutica, Exegese e Homilética O Equilíbrio Na Ministração
Introdução:
É com muita alegria e satisfação que trago neste trabalho de pesquisa, algumas informações importantes para todos aqueles que são apaixonados em ministrar a Palavra de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo aos homens. O trabalho aqui exposto nos dá uma noção de como podemos melhorar nossa ministração da Palavra de Deus, utilizando os recursos e conhecimentos oferecidos pala Hermenêutica, Exegese e Homilética. Há pessoas que não se importam em utilizar os recursos que estas matérias nos oferecem para o aprimoramento da ministração da Palavra do Senhor, o que é lamentável. Este trabalho nos traz informações importantíssimas sobre a ministração da Palavra de Deus e assim, conseqüentemente melhores e maiores resultados. O trabalho aqui exposto é indicado não somente para quem prega a Palavra de Deus como, também, para quem dá aulas, palestras e para quem gosta de ouvir e entender uma boa ministração da Palavra do Senhor.
A Hermenêutica
Diz-se que a palavra hermenêutica deve sua origem ao nome Hermes, o deus grego que servia de mensageiro dos deuses, transmitindo e interpretando suas comunicações aos afortunados ou, com freqüência, aos desafortunados destinatários. Em seu significado técnico, muitas vezes se define a hermenêutica como a ciência, arte e técnica de interpretação bíblica.
Considera-se hermenêutica como ciência porque ela possui normas, ou regras, e essas podem ser classificadas num sistema ordenado. É considerada como arte porque a comunicação é flexível e como técnica quando considerada pelo modo específico de sua execução ou ensino.
O termo hermenêutica é de origem grega “hermeneuo”; interpretar. O mesmo é empregado quase sempre para designar os princípios da interpretação da Escritura Sagrada. Hermenêutica é a ciência, arte e técnica utilizada para a interpretação da Bíblia. Segundo o dicionário Aurélio, a palavra “hermenêutica” é um substantivo feminino que significa: Método que visa a interpretação de textos (filosóficos, religiosos, etc.). A hermenêutica é uma disciplina fundamental para a Homilética (arte, técnica e ciência para a pregação da Palavra de Deus) pois oferece as técnicas para a pesquisa. Hermeneuta, substantivo de dois gêneros, é o nome dado ao especialista em hermenêutica.
A finalidade da hermenêutica é dar a um texto a sua interpretação correta. A Homilética depende da hermenêutica porque a pregação cristã se fundamenta num documento textual: a Bíblia Sagrada. A interpretação correta dos textos sagrados, portanto, é essencial à pregação.
Homilética sem hermenêutica é trombeta de som incerto (1 Co 14.8). A hermenêutica e a Exegese têm sentidos opostos de ação. Enquanto que a hermenêutica é busca, pesquisa, interpretação, a Exegese é doação, é transmissão, é comunicação, é exposição.
Doze passos na Hermenêutica bíblica
1o Anotar todas as dúvidas para pesquisar posteriormente: Ao ler a Bíblia, o pregador deve anotar as idéias, indicar ou mesmo transcrever o texto encontrado. Deve ler várias vezes observando cada palavra. Seus apontamentos devem ser guardados de forma organizada para facilitar suas pesquisas posteriores.
2o Pesquisar as Palavras: Cada palavra tem seu significado, portanto adquira o hábito de pesquisá-las.
3o Interpretação Gramatical: Descubra o sujeito (quem está falando ou agindo), o predicado (de que ou de quem se está falando), os complementos (o quê, onde, como, quando, por quê, para quê, Etc.).
4o Consultar outras traduções/versões da Bíblia:
Observe e compare o que cada uma delas lhe traz de informações e assim comece a montar suas primeiras conclusões. Isto lhe dará mais segurança sobre qual estará mais adequada ao seu entendimento dentro do contexto geral.
5o Consultar os textos originais:
Sabemos que a Bíblia, originalmente, não foi escrita em nosso idioma e por este motivo temos o dever de observar sempre, antes de concluirmos uma interpretação de um texto bíblico, o significado de cada palavra em sua origem. Este procedimento lhe abrirá mais a visão e dará maior segurança quanto a tradução mais correta da palavra que esta sendo pesquisada.
6o Consultar um bom dicionário da língua:
Um dicionário atualizado nos verbetes, na ortografia e que tenha, além do significado atual (semiologia), também o seu sentido original (etimologia).
7o Consultar um dicionário bíblico:
Existem termos na Bíblia que exige mais conhecimento, pois se trata de uma linguagem particular da própria Palavra de Deus.
8o Consultar uma enciclopédia:
A enciclopédia ajuda muito na interpretação e não podemos deixar de consultá-la.
9o Consultar comentários bíblicos:
Os comentários bíblicos ajudam a elucidar muitas dúvidas.
10o Consultar o texto sempre com contexto:
Quem escreveu, para quem escreveu e com que propósito? Que gênero adotou e qual o seu propósito? A utilização de textos isolados para uma interpretação bíblica é um erro que não podemos admitir em nossos dias, pois-é daí que surgem as seitas que estão levando muitos de nossos irmãos para o inferno. Cuidado! Achar é uma coisa, ter certeza é completamente diferente.
11o Consultar culturalmente:
A história, a geografia, a arqueologia, a filosofia, Etc. nos ajudam e muito a entender muitas colocações na Bíblia.
12o Consultar a Deus:
Não podemos esquecer que Deus é o autor e mantenedor de sua palavra e por este motivo Ele a pode revelar para quem tem o propósito de propagá-la aos cansados e oprimidos pelas falsas doutrinas, criadas por homens que não têm compromisso com a verdade do Senhor.
As figuras de linguagem / pensamento
O pregador deve ser um grande observador e possuir uma noção geral da cultura secular e se faz necessário que ele esteja familiarizado com a linguagem gramatical das Escrituras, tendo em vista a significação correta das palavras, a forma das frases e as particularidades idiomáticas da língua empregada. Outrossim, deve o mesmo estar informado e conhecer a natureza que cada figura de linguagem, a luz do contexto lógico, representada. No entanto, o que torna a mensagem abençoada é o Espírito Santo; todavia, a linguagem figurada da Bíblia, quando bem interpretada e apresentada, torna mais transparente e atraente a mensagem.
Figuras de linguagem, também chamadas figuras de estilo, são recursos especiais de que se vale, quem fala ou escreve, para comunicar e expressar com mais colorido, intensidade e beleza. Vejamos abaixo, algumas figuras de linguagem/pensamento com seus respectivos significados:
Símile (Do latim símile).
O sentido da divisão correta expressa a idéia do que é semelhante; comparação de coisas semelhantes. Dois dos mais simples artifícios literários são as figuras símiles e metáforas. Símile é uma comparação, onde a expressão “semelhante”, “como”, e “assim” estão em foco. Na símile a ênfase recai sobre algum ponto de similaridade entre duas idéias, grupos, ações, Etc.
“O reino dos céus é semelhante...” (Mt 13.24), “Como um pai se compadece de seu filho, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem” (Sl 103.13). “Como os céus são mais do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos...” (Is 55.9). Devemos observar que a ênfase recai nas expressões “é semelhante”, “como”, “assim”, Etc. Podemos entender a parábola como sendo uma símile ampliada. Pelo menos é este o sentido geral da Bíblia onde a palavra está presente (Os 12.10).
Metáfora (Do grego metaphorá).
Consiste num termo usado para designar o sentido natural de uma palavra para substituir outra, em relação de semelhança subentendida. É uma espécie de comparação (apenas mental). Não se deve, entretanto, confundir metáfora com a comparação no sentido primário do termo. Nesta, os dois termos vêm expressos e unidos por nexos comparativos. Exemplo:
1 – Nero foi cruel como um monstro (comparação)
2 – Nero foi um monstro (metáfora)
Em termos gerais, consiste em tomar a figura pela realidade. Este gênero de sofisma (argumento aparente) é freqüente, principalmente quando se fala de coisas espirituais. Na metáfora não se usa termos de aproximação, como “semelhante”, “como”, “parecido”, Etc. E, sim, usa-se afirmações, tais como “é”, “sou”, Etc. Examine os seguintes textos: GÊNESIS 49.9 “Judá é um leãozinho...” MATEUS 5.13 “Vós sois o sal da terra...” MATEUS 5.14 “Vós sois a luz do mundo...” JOÃO 6.35 “...Eu sou o pão da vida...” JOÃO 8.12 “...Eu sou a luz do mundo...” JOÃO 10.9 “Eu sou a porta...” JOÃO 14.6 “...Eu sou o caminho...” JOÃO 15.1 “Eu sou a videira verdadeira...” JOÃO 15.5 “...vós sois as varas...” I CORÍNTIOS 3.9 “...vós sois lavoura de Deus ...” I JOÃO 4.16 “...Deus é amor ...” Etc.
Parábola (Do grego parabolé).
É uma símile ampliada. A comparação vem expressa, e o sujeito e a coisa comparada, explicadas mais plenamente, mantêm-se separados. Ex.: Mateus 13 1 No mesmo dia, tendo Jesus saído de casa, sentou-se à beira do mar; 2 e reuniram-se a ele grandes multidões, de modo que entrou num barco, e se sentou; e todo o povo estava em pé na praia. 3 E falou-lhes muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o semeador saiu a semear. 4 E quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e comeram (1). 5 E outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda; 6 e saindo o sol , queimou-se e, por não ter raiz, secou-se. (2) 7 E outra caiu entre espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram. (3) 8 Mas outra caiu em boa terra, e dava fruto, um a cem, outro a sessenta e outro a trinta por um. (4) 9 Quem tem ouvidos, ouça. 10 E chegando-se a ele os discípulos, perguntaram-lhe: Por que lhes falas por parábolas? 11 Respondeu-lhes Jesus: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado; 12 pois ao que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. 13 Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e ouvindo, não ouvem nem entendem. 14 E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, e de maneira alguma entendereis; e, vendo, vereis, e de maneira alguma percebereis. 15 Porque o coração deste povo se endureceu, e com os ouvidos ouviram de má vontade, e fecharam os olhos, para que não vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure. 16 Mas bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. 17 Pois, em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram. 18 Ouvi, pois, vós a parábola do semeador. 19 A todo o que ouve a palavra do reino e não a entende, vem o maligno e arrebata o que lhe foi semeado no coração; este é o que foi semeado à beira do caminho. (1) 20 E o que foi semeado nos lugares pedregosos, este é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria; 21 mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e sobrevindo a angústia e a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza. (2) 22 E o que foi semeado entre os espinhos, este é o que ouve a palavra; mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera. (3) 23 Mas o que foi semeado em boa terra, este é o que ouve a palavra, e a entende; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta...”(4).
As aves é o maligno – V 19 A terra é o coração – V 19 A semente é a Palavra do Reino – V 19 O sol é a angústia e a perseguição – V 21 Os espinhos são as riquezas e os prazeres com o mundo V 22
Por derivação esta palavra significa “pôr coisas ao lado”, ou “colocar ao lado de”. Assim, parábola é algo que se coloca ao lado de outra coisa para efeito de comparação. A parábola típica utiliza-se de um evento comum da vida natural para acentuar ou esclarecer uma importante verdade espiritual.
No conceito geral da Bíblia, parábola indica, literalmente, “comparação”, e é comumente usada para indicar um exemplo, que ilustra uma verdade qualquer. “...Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou, e semeou no seu campo...” (Mt 13.31); “...O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido no campo, que um homem, ao descobri-lo, esconde; então, movido de gozo, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo. Outrossim, o reino dos céus é semelhante a um negociante que buscava boas pérolas. Igualmente, o reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, e que apanhou toda espécie de peixes...” (Mt 13. 44, 45, 47); “...Disse ainda: A que assemelharemos o reino de Deus? Ou com que parábola o representaremos? (Mc 4.30). A parábola não é um mito, pois este narra uma história como se fosse verdade, mas não adiciona nem a probabilidade nem a verdade. Com efeito, quando o termo “parábola” parte diretamente do hebraico MASHAL, tem uma significação mais amplo. Assim em Mateus 15.14,15 e Lucas 4.23, parábola é usada por provérbios; em João 10.6, provérbios é traduzido por parábola; em Hebreus 9.9, parábola é traduzida do grego por alegoria, Etc.
Parábola também não é fábula. Alguém já imaginou que parábola fosse uma fábula. Entretanto, no contexto geral, não é, porque a fábula é uma história fictícia que ensina através de fantasia, mediante apresentação que vai além da probabilidade. A parábola, ensinada mediante ocorrências imaginárias, jamais foge a realidade das coisas. A despeito disto, temos os ensinamentos didáticos de Cristo. Cerca de sessenta deles foi por meio de parábola.
Alegoria (Do grego allegoría). É como metáfora ampliada. A comparação não vem expressa, a comparação e a coisa comparada acham-se entrelaçadas. Ex.: Sl 80.8-16 “Trouxeste do Egito uma videira; lançaste fora as nações, e a plantaste. Preparaste-lhe lugar; e ela deitou profundas raízes, e encheu a terra. Os montes cobriram-se com a sua sombra, e os cedros de Deus com os seus ramos. Ela estendeu a sua ramagem até o mar, e os seus rebentos até o rio. Por que lhe derrubaste as cercas, de modo que a vindimam todos os que passam pelo caminho? O javali da selva a devasta, e as feras do campo alimentam-se dela. Ó Deus dos exércitos, volta-te, nós te rogamos; atende do céu, e vê, e visita esta videira, a videira que a tua destra plantou, e o sarmento que fortificaste para ti. Está queimada pelo fogo, está cortada; eles perecem pela repreensão do teu rosto”. Indica uma figura de linguagem usada na exposição de um pensamento sob forma figurada. Não é uma parábola, ainda que Hebreus 9.9 (“...que é uma parábola para o tempo presente, conforme a qual se oferecem tanto dons como sacrifícios que, quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que presta o culto...”) traduza este sentido. Entretanto, um símbolo, quando visto no seu desenvolvimento particularizado, e especialmente quando toma um caráter narrativo, passa a ser alegoria. Na alegoria, as personagens fictícias são dotadas das mesmas características das reais, em qualquer tentativa para ocultar ou para ilustrar metaforicamente o oposto daquilo que eles não são. A parábola diverge assim, portanto, da alegoria. A parábola ilustra por meio de símbolos, como por exemplo: “O campo é o mundo” Mt 13. 38 “O inimigo é o Diabo” Mt 13. 39 “A boa semente são os filhos do reino” Mt 13. 38, Etc. A regra essencial de interpretação é compreender o escopo (alvo) duma alegoria, ou pelas passagens paralelas e ter-se-á a verdade principal que se procurou realçar, em harmonia com a verdade central. Jesus, ao afirmar: “Eu sou o pão que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; o pão que eu der é a minha carne... porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jó 6.51, 55, 56), estava expondo analogicamente uma verdade central. O pensamento central desta analogia do Senhor é interpretado no contexto antecedente, que diz: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim não terá sede” (Jo 6.35). Portanto, comer a carne e beber o sangue do Filho do homem significa, no pensamento de Jesus, tomar posse da vida eterna. Qualquer narrativa alegórica, esboça, através de uma passagem, um trecho ou mesmo um versículo, o pensamento central. Quando na Bíblia descreve qualquer figura com sentido alegórico, ou no início ou fim da narrativa, encontramos um versículo, uma frase ou mesmo uma palavra, contendo o pensamento central. Exemplo: Em Isaías 5, o profeta descreve por expressa ordem de Deus o perfil da nação judaica. Primeiro ele faz a figura (de uma vinha) e depois dá a interpretação dizendo: “Porque a vinha do Senhor dos Exércitos (“é”) a casa de Israel” (Is 5.7b). Em Ezequiel 37, na descrição do vele de ossos secos, o profeta mostra-nos o pensamento central no versículo 11, dizendo: “Estes ossos são toda a casa de Israel”, Etc. Resumo: Nas SÍMILES e nas PARÁBOLAS as comparações se acham expressas e separadas, enquanto que nas METÁFORAS e ALEGORIAS não se acham expressas, mas entrelaçadas. Numa PARÁBOLA há separação consciente da história e sua aplicação. Numa ALEGORIA há entrelaçamento das duas. Uma Símile ampliada resulta numa Parábola. Uma Metáfora ampliada resulta numa Alegoria. Uma Parábola ou uma Alegoria comprimida resulta num Provérbio. Código: SP MA p
Tipo (Do grego typos).
É uma relação representativa preordenada que certas pessoas, eventos e instituições têm com pessoas, eventos e instituições correspondentes que ocorrem numa época posterior na história. Ex.: Jo 3.14,15 “E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna”. Significa aquilo que inspira fé como modelo. Como a alegoria é uma dupla representação por meio de palavras, assim o tipo é uma dupla representação por meio de fatos. A linguagem tipológica da Bíblia funciona como “...sombra dos bens futuros...”. O tipo é prefigurativo, enquanto que o símbolo é ilustrativo do que já existe. Algumas personagens, animais, objetos, e fatos, foram, ao mesmo tempo, símbolos e tipos, pois comemoravam um acontecimento e prefiguravam outro. Eles eram sombras de um sacrifício perfeito, do qual Cristo havia de ser realidade!
Profecias.
A profecia refere-se a três coisas: 1) Predizer eventos futuros; 2) Revelar fatos ocultos quanto ao presente; e 3) Ministrar instruções, consolo e exortações em linguagem poderosamente arrebatadora. Ex.: Ap 1.3; Lc 1.67-79 e Amós.
Literatura Apocalíptica.
Seu foco principal é a revelação do que está oculto, particularmente com relação aos tempos do fim.
Metonímia (Do grego metonymía) semelhante a Sinédoque.
Classificaremos a diferença da seguinte forma: Matéria concreta inanimada. Consiste em designar um objeto por uma palavra de outro objeto que com o primeiro mantém relação de causa ou efeito. Por exemplo: 1 – A parte pelo todo. “Não tenho teto para morar” (“teto” está se referindo a casa); 2 – O singular pelo plural. “O homem é mortal” (“o homem” está se referindo a todos os homens inclusive as mulheres); e 3 – A taça pela bebida. Jesus usou esta figura de retórica (conjunto de regras relativas à eloqüência) quando celebrou a Santa Ceia com os seus discípulos: “E, tomando um cálice, rendeu graças e deu-o, dizendo: Bebei dele todos” MATEUS 26.27. A ênfase recai aqui na palavra “dele!” Porque, neste caso, se subentende o “conteúdo”; ao contrário, se o vocábulo fosse “nele!”. O sentido “nele” indica a taça e não o conteúdo. Nesse caso, e em outros semelhantes, toda a extensão é indicada apenas por uma palavra ou frase. Veja: I CORÍNTIOS 9.16, 21 “Pois, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, porque me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho! Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei”.
Sinédoque (Do grego synedoché) semelhante a Metonímia. Definiremos a diferença da seguinte forma: As matérias concretas animadas. Esta figura de pensamento consiste na relação de compreensão e no uso do “todo” pela “parte”, do “plural” pelo “singular”, do “gênero” pela “espécie”. A sinédoque se assemelha muito com a metonímia, levando alguns até pensarem que estas duas figuras de retórica fossem a mesma coisa, ou pelo menos expressassem o mesmo sentido. Com efeito, porém, não se trata da mesma coisa. Partindo de uma premissa tanto particular como geral, a sinédoque expressa o conceito final dentro das mesmas regras da natureza da primeira. Biblicamente falando, isso pode ser depreendido de várias passagens das Escrituras. Exemplificando:
“Todas as almas, pois, que procederem da coxa de Jacó, foram setenta almas...” (Ex 1.5). As almas aqui são tomadas para indicar as pessoas. “...A minha carne repousará segura” (Sl 16.9b). A palavra carne, nesse caso, é tomada para indicar o todo que seria o corpo. E outros exemplos similares.
Perífrase (Do grego periphrasis). É uma expressão que designa os seres através de algum de seus atributos. 1 – O rei dos animais foi generoso (O leão foi generoso); 2 – Os urbanistas tornarão ainda mais bela a Cidade Maravilhosa (Os urbanistas tornarão ainda mais bela a Cidade do Rio de Janeiro); 3 – A terra da Garoa (A cidade de São Paulo), Etc.
Anacoluto (Do grego anakolouthus). Esta figura de linguagem consiste na quebra ou interrupção do fio da frase, ficando termos sinteticamente desligados do resto do período, sem função. Exemplo: 1 – A rua onde moras, nela é que desejo morar; 2 – Eu não me importo a desonra do mundo; 3 – Isto ou quilo são bons, mas não servem, Etc.
Elipse (Do grego élleipsis). É a omissão de um termo da oração que facilmente podemos subentender no texto. É uma espécie de “economia” de palavras. 1 – Aqui-e na eternidade; 2 – Moisés referindo a todo o passo das Escrituras (II CORÍNTIOS 3.15 “sim, até o dia de hoje, sempre que Moisés é lido, um véu está posto sobre o coração deles”); 3 – Céu baixo, ondas mansas, vento leva; 4 – Local, horário e data (do evento?), Etc.
Inversão ou Hipérbato (Do grego hyperbatón).
(S.F. Ação ou efeito de inverter). Esta figura de construção (ou de sintaxe) consiste em alterar a ordem normal dos termos ou orações, com o fim de lhes dar destaque. O sentido do termo é colocado, em geral, no início da frase. 1 – Passarinho, desisti de ter; 2 – Justo ele diz que é, mas eu não acho não; 3 – “...Vós sois os que vos justificais a vós mesmos... mas Deus conhece os vossos corações...” (LUCAS 16.15), Etc.
Onomatopéia (Do grego onomatopoiía).
Consiste no aproveitamento de palavra cuja pronúncia imita o som ou a voz natural dos seres. É um recurso fonético ou melódico que a língua proporciona ao escritor ou orador.
Pleonasmo (Do grego pleonasmós).
É o emprego de palavras redundantes, com o fim de reforçar a expressão. O pleonasmo, como figura de linguagem, visa a um efeito expressivo e deve obedecer ao bom gosto, a fim de não ferir os ouvidos de quem ouve: 1 – “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos” (Jó 42.5); 2 – “...Lázaro, sai para fora” (Jo 11.43); 3 – “Descer para baixo”, “entrar para dentro”, “subir para cima”, Etc.
Repetição (Do latim repetitione).
Consiste em repetir palavras ou orações para intensificar ou enfatizar ou sugerir insistência: 1 – “O surdo pede que repitam, que repitam a última frase” 2 – “Assim diz o Senhor” – “Na verdade, na verdade te digo”, Etc.
Silepse (Do grego sillepsis).
Ocorre esta figura quando efetuamos a concordância não com termos expressos mas com a idéia a eles associada em nossa mente. Pode ser dividida em três partes: 1 – De gênero “Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito”; 2 – De número “Corria gente de todos os lados, e gritavam”; 3 – De pessoa “Os que procuram são inúmeros, pois todos sofremos de alguma coisa; esta água insípida tem uma vastíssima órbita de ação”, Etc.
Acróstico (Do grego akróstichon).
É uma composição poética em que o conjunto das letras iniciais (e, as vezes, as mediais ou finais) dos versos compõem verticalmente uma palavra ou frase. No livro de Ester Deus está presente em ministério e não em manifestação. Seus efeitos são evidentes, mas Ele fica oculto. Contudo, tem sido observado que as quatro letras YHWH, que no hebraico representam Jeová, ocorrem na narrativa quatro vezes na vertical em forma acróstica:
Y – Et 1.20
H – Et 5.4
W – Et 5.13
H – Et 7.7
Encontramos o alfabeto hebraico no Salmo 119.
Antítese (Do grego antíthesis).
Consiste em uma figura na qual se salienta a oposição entre duas palavras ou idéias. O Anticristo, o oposto de Cristo; O hoje do tempo como se fosse o amanhã da eternidade; Alexandre Magno foi a antítese do verdadeiro Cristo, Etc. Antítipo (Do grego antítypon). Esta expressão significa tipo ou figura que representa outra. A preposição grega aqui inferida é em pouco irregular. Alguns rabinos opinam que ant (i) pode significar “ação contrária”, “oposição”, “contra”, Etc. E, assim, seria mais correto dizer: pro-tipo, este é, “pro” que traz a idéia de “movimento para adiante”, “posição em frente”, ou “aquilo que faz adiante”. Entretanto, como a tradição geral deste termo chegou até nós com o sentido de “figura que representa outra”, aceitamos tal sentido sem hesitação. Apóstrofe (Do grego apostrophé). Indica uma figura de linguagem que consiste em dirigir-se o orador ou escritor, em geral fazendo uma interrupção, parêntese ou interrogação, a uma pessoa, a coisa real ou fictícia. Na oratória, muitas vezes, a apóstrofe entra em evidência para dar ênfase ao argumento. Biblicamente falando, temos vários exemplos de apóstrofes, tanto no Antigo como no Novo Testamento. No Salmo 114 o escritor sagrado invoca na poesia este tipo de linguagem. Então ele pergunta: “Que tiveste, ó mar, que fugiste, e tu, ó Jordão, que tornaste atrás? E vós, montes, que saltaste como carneiros, e vós outeiros, como cordeiros?” (vv. 5, 6). No Novo Testamento, Paulo, fazendo sua defesa sobre a probabilidade da ressurreição, indica também esta linguagem figurada da Bíblia, dizendo: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória” (1 Co 15.55),Etc. Dramatização (Do grego dramatízo). Consiste numa figura de linguagem que dá ao discurso mais vida, vigor e encanto, coisa que outras figuras de linguagem não conseguem tanto. Personificar um caráter, bíblico ou não, e falar de seus sentimentos, introduzir no discurso um contraditor e formular suas obsessões e depois respondê-las ponto por ponto, sustentar um diálogo entre duas pessoas supostas, reproduzir uma cena mediante descrição dramática, são métodos que muitos pregadores eficientes empregam. Com efeito, porém, esta dramatização não deve ser apresentada de maneira extravagante ou deselegante. No púlpito, a dramatização deve permanecer dentro de limites um tanto estreitos, e deve sempre ser regulado pelo bom gosto e sobriedade de sentimentos. É preciso, especialmente, usar bem as limitações de ação e de tonalidade, para que o pregador não se torne ridículo ou desconchavada a dramatização dentro do discurso religioso. Enigma (Do grego aínigma). Esta figura consiste numa descrição, às vezes, obscura, ambígua, de alguma coisa, para que seja difícil decifra-la. Este tipo de linguagem enigmática era bastante usada pelos sábios orientais. Sansão usou de enigmas para provar a capacidade dos filisteus (Jz 14.12-18). A rainha Makeda de Akssum, ouvindo a fama de Salomão, “...veio prová-lo por enigmas” (1 Rs 10.1). Algumas vezes os enigmas eram decifrados ao som de instrumentos (Sl 49.4). Algumas parábolas foram vistas pelos circunstantes de Jesus como verdadeiros enigmas (Sl 49.4; Mt 13.34, 35) e, de igual modo, os dons espirituais (1 Co 13.12). Eufemismo (Do grego euphemismós). Esta figura consiste em suavizar a expressão de uma idéia molesta, substituindo o termo por palavras ou circulações menos desagradáveis ou mais polidas: “...A menina não está morta, mas dorme” Mc 5.39b); “...Tendo desejo de partir (morrer)...” (Fl 1.23); “...Rômulo contraíra o mal-de-Lázaro (a lepra)”, Etc. Exclamação (Do Latim exclamatione). Refere-se a uma figura de linguagem em que o pregador emotivo se inclina a usá-la livremente. Alguns em qualquer parte do discurso dizem: Oh!; Ah!; Ai! Outros pregadores dizem: “Quão grande!”, Etc. Em alguns casos o pregador ou escritor usa esta figura de retórica para expressar grandeza. “Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos exércitos!” (Sl 84.1) “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os teus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!” (Rm 11.33). E coisas semelhantes a estas. Fábulas (Do grego mythos). Esta palavra significa “lenda”, “mito”. A fábula é uma narração alegórica cujas personagens são por via de regra, animais, ou seres imaginários da mitologia. Com efeito, a fábula como narração alegórica, sempre encerra no fundo uma lição moral. A fábula é, portanto, uma espécie de história ilustrativa fictícia e que ensina através da fantasia. O vocábulo está presente nas seguintes passagens das escrituras: Dt 28.37, ARC; 1 Tm 1.4; 4.7; 2 Tm 4.4; Tt 1.14; 2 Pe 1.16). Temos dois exemplos desta linguagem figurada na Bíblia envolvendo personagens reais: Jotão e Abimeleque: “...Jotão, tendo sido avisado disso, foi e, pondo-se no cume do monte Gerizim, levantou a voz e clamou, dizendo: Ouvi-me a mim, cidadãos de Siquém, para que Deus: vos ouça a vós. Foram uma vez as árvores a ungir para si um rei; e disseram à oliveira: Reina tu sobre nós. Mas a oliveira lhes respondeu: Deixaria eu a minha gordura, que Deus e os homens em mim prezam, para ir balouçar sobre as árvores? Então disseram as árvores à figueira: Vem tu, e reina sobre nós. Mas a figueira lhes respondeu: Deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto, para ir balouçar sobre as árvores? Disseram então as árvores à videira: Vem tu, e reina sobre nós. Mas a videira lhes respondeu: Deixaria eu o meu mosto, que alegra a Deus e aos homens, para ir balouçar sobre as árvores? Então todas as árvores disseram ao espinheiro: Vem tu, e reina sobre nós. O espinheiro, porém, respondeu às árvores: Se de boa fé me ungis por vosso rei, vinde refugiar-vos debaixo da minha sombra; mas, se não, saia fogo do espinheiro, e devore os cedros do Líbano...” (Jz 9.7-15) e Amazias e Jeoás: “...Então Amazias enviou mensageiros a Jeoás, filho de Jeoacaz, filho de Jeú, rei de Israel, dizendo: Vem, vejamo-nos face a face. Mandou, porém, Jeoás, rei de Israel, dizer a Amazias, rei de Judá: O cardo que estava no Líbano mandou dizer ao cedro que estava no Líbano: Dá tua filha por mulher a meu filho. Mas uma fera que estava no Líbano passou e pisou o cardo...” (2 Rs 14.8,9). Existem, sem dúvidas, outras passagens similares na Bíblia. Entretanto, estas são as que mais exemplificam o significado do argumento. Hipérbole (Do grego hyperbolé). Consiste numa figura de linguagem que engrandece ou diminui exageradamente a verdade das coisas: mas não se trata de mentira e, sim, de uma expressão momentânea. Por exemplo: quando o número de pessoas numa concentração não chega a atingir a cifra esperada, se diz: “apenas meia dúzia de gatos pingados” (jargão). Outro exemplo: “Passou correndo a mais de mil”, quando, na verdade, ia apenas a 10 km por hora. No conceito geral da Bíblia, depreendemos esta figura de linguagem em algumas passagens. Por exemplo: “Rios de águas correm dos meus olhos...” (Sl 119.136); “E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trava que está no teu olho?” (Mt 7.3); “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus” (Mt19.24b); “Condutores de cegos! Que coais um mosquito e engolis um camelo” (Mt 23.24). E outros exemplos similares. Interrogação (Do latim interrogatione). Refere-se a uma forma de linguagem que serve para animar o discurso. Neste caso, o pregador pode pensar num antagonista, que pode ser real ou imaginário, e questionar com ele, interrogando-o, de tal maneira que se desperte vivo interesse nos ouvintes, podendo-se fazer também perguntas constantes ao auditório. Assim se espertará a mente deles, como se tivessem de responder as perguntas feitas. Por exemplo: “Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do Senhor?” (Is 53.1). “O que dizem os homens ser o Filho do homen?... E vós, o que dizeis que eu sou? (Mt 16.14,15), Etc. Ironia (Do grego eirónia). Consiste no modo de exprimir-se em dizer o contrário daquilo que se está pensando ou sentindo. Alguns episódios na Bíblia expressam o significado do pensamento desta figura de linguagem. Veja: Balaão e Balaque: “...Veio, pois, Deus a Balaão, de noite, e disse-lhe: Já que esses homens te vieram chamar, levanta-te, vai com eles; todavia, farás somente aquilo que eu te disser. A ira de Deus se acendeu, porque ele ia, e o anjo do Senhor pôs-se-lhe no caminho por adversário. Ora, ele ia montado na sua jumenta, tendo consigo os seus dois servos...”. (Nm 22.20,22); Micaías e Acabe: “...Quando ele chegou à presença do rei, este lhe disse: Micaías, iremos a Ramote-Gileade à peleja, ou deixaremos de ir? Respondeu-lhe ele: Sobe, e serás bem sucedido, porque o Senhor a entregará nas mãos do rei...” (1 Rs 22.15); e Eliseu e os filhos dos profetas: “...Sucedeu que, ao meio-dia, Elias zombava deles, dizendo: Clamai em altas vozes, porque ele é um deus; pode ser que esteja falando, ou que tenha alguma coisa que fazer, ou que intente alguma viagem; talvez esteja dormindo, e necessite de que o acordem. (1 Rs 18.27). Paradoxo (Do grego parádoxon). Infere em um conceito que é ou parece contrário ou comum: “Ninguém faz o mal voluntariamente, mas por ignorância, pois a sabedoria e a virtude são inseparáveis” (Sócrates). O vocábulo procede do grego e chega até nós por intermédio do latim. Está formado de duas expressões: para, que significa contra e doxa, opinião ou crença. Soa ao ouvido como algo incrível, ou impossível, se não absurdo. Jesus deu-nos lições paradoxais, quando advertiu os discípulos do fermento dos fariseus e quando mostrou a um candidato ao discipulado a urgência da missão (cf. Mt 8.21,22; 16.6, Etc.). Personificação (Do grego prosopon?) semelhante a Prosopopéia. Diferenciaremos da seguinte forma: Coisas concretas inanimadas. Esta figura consiste na maneira como o pregador se dirige a uma coisa concreta inanimada como se tivesse viva. Isso dá ao discurso grande animação e beleza, e uma apaixonante energia. Jesus personificou as pedras como se fossem seres animados. Então ele disse: “Se estes se calarem, as pedras clamarão”, “...E quando chegou perto e viu a cidade, chorou sobre ela...” (Lc 19. 40); “A terra geme e pranteia, o Líbano se envergonha e se murcha: Sarom se tornou como um deserto; e Basã e Carmelo foram sacudidos” (Is 33.9); “Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita” (Mt 6.3). Prosopopéia (Do grego prosopopaiía) semelhante a Personificação. Diferenciaremos da seguinte forma: Coisas abstratas inanimadas. Esta figura, segundo a divisão correta, indica uma linguagem em que se dá vida, ação, movimento e voz a coisas abstratas inanimadas. Exemplo: “A perdição e a morte dizem: Ouvimos com os nossos ouvidos a sua fama” (Jó 28.22); Paulo e João usaram esta figura ao se referirem à morte e ao inferno. “...Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte...”, “...Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?...” (1 Co 15. 26, 55); “... e o que estava assentado sobre o cavalo tenha por nome morte; e o inferno o seguia...” (Ap 6.8 a); “...O mar entregou os mortos que nele havia; e a morte e o hades entregaram os mortos que neles havia; e foram julgados, cada um segundo as suas obras. E a morte e o hades foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo...” (Ap 20.13, 14). Nestas passagens, e em outras similares, são usadas verdadeiras figuras de linguagem, cujo sentido técnico denomina-se prosopopéia, onde os seres abstratos são personificados. Repetição (s.f. do v. retificar). Como indica o significado do pensamento, consiste em retificar uma informação anterior. “O país andava numa situação política tão complicada quanto a de agora. Não minto. Tanto não”. Esta figura de linguagem deve somente ser usada pelo pregador, quando ocorrer um engano mental, ou quando houver exagero numa afirmação comprometedora, ela deve ser usada em lagar de desculpa. Símbolo (Do grego symbolon). Esta figura designa, fundamentalmente, aquilo que, por um princípio de analogia, representa ou substitui outra coisa: A balança é o símbolo da justiça; São os símbolos nacionais, a bandeira, o hino, as armas e o selo. Geralmente, o tipo é prefigurativo, e o símbolo é ilustrativo do que já existia. Certos símbolos, contudo, provêm de circunstâncias e relações especiais. Alguns são orientais e têm na sua origem maneiras e costumes de diferentes povos; outros derivam da história; e há os que também são produtos da imaginação. Relação da hermenêutica com outros campos de estudo bíblico A hermenêutica não se encontra isolada de outros campos de estudo bíblico. Ela se relaciona com o estudo do cânon, da crítica textual, da crítica histórica, da exegese, e da teologia bíblica bem como a sistemática. 1 – A Canonicidade: Dentre esses vários campos de estudos, a área que precede a todas as demais é o estudo da canonicidade, isto é, a diferenciação entre os livros que trazem o selo da inspiração divina e os que não trazem. Essencialmente, a fixação do cânon foi um processo histórico no qual o Espírito Santo guiou a igreja no reconhecimento de que certos livros trazem o selo da autoridade divina. 2 – A Crítica Textual: A crítica textual é a tentativa de averiguar o fraseado primitivo de um texto. Tal crítica é necessária porque não possuímos os originais dos manuscritos, temos apenas muitas cópias dos originais, e essas cópias variam entre si. Mediante cuidadosa comparação de um manuscrito com outro, os críticos textuais executam um inestimável serviço, proporcionando-nos um texto bíblico que se aproxima intimamente dos escritos originais dados aos crentes do Antigo e do Novo Testamento. Um dos mais famosos eruditos que o mundo conhece em assuntos do Novo Testamento. F. F. Bruce, disse com relação a este ponto: “As variantes leituras acerca das quais permanece alguma dúvida entre os críticos textuais do Novo Testamento não afetam nenhuma questão essencial do fato histórico ou da fé e prática cristãs”. 3 – A Crítica Histórica: O terceiro campo de estudo bíblico é conhecido como histórico, ou alta crítica. Os eruditos neste campo estudam a autoria de um livro, a data de sua composição, as circunstâncias históricas que cercam sua composição, a autenticidade de seu conteúdo, e sua unidade literária. Muitos dos que se engajaram na alta crítica partiram de pressupostos liberais, e por este motivo os cristãos conservadores muitas vezes equiparam a crítica histórica ao liberalismo. Não há porque ser assim. É possível engajar-se na crítica histórica a partir de pressupostos conservadores. Constituem exemplos as introduções a cada livro da Bíblia encontradas na Harper Study Bible e em outras edições da Bíblia, na Bíblia Anotada de Scofield e nos comentários conservadores. O conhecimento das circunstâncias históricas que cercaram a composição de um livro é de suma importância para uma compreensão adequada de seu significado. 4 – A Crítica Exegética: Somente após um estudo da canonicidade, da crítica textual e da crítica histórica, é que o estudioso está preparado para fazer exegese. Exegese é a aplicação dos princípios da hermenêutica para chegar-se a um entendimento correto do texto. O prefixo ex (“fora de”, “para fora”, ou “de”) refere-se a idéia de que o intérprete está tentando derivar seu entendimento do texto, em vez de ler seu significado no (“para dentro”) texto (eisegese). 5 – A Crítica Teológica Bíblica: Seguindo a exegese são os campos gêmeos da teologia bíblica e da teologia sistemática. Teologia bíblica é o estudo da revelação divina no Antigo e no Novo Testamento. Ele indaga: “Como foi que esta revelação específica contribuiu para o conhecimento que os crentes já possuíam naquele tempo?” Tenta mostrar o desenvolvimento do conhecimento teológico através dos tempos do Antigo e do Novo Testamento. 6 – A Crítica Teológica Sistemática: Contrastando com a teologia bíblica, a teologia sistemática organiza os dados bíblicos de uma maneira lógica antes que histórica. A teologia bíblica e a sistemática são campos complementares; juntas elas nos proporcionam maior entendimento do que qualquer uma delas isoladamente. Ativando a compreensão A hermenêutica é, em essência, uma codificação dos processos que normalmente empregamos em um nível consciente para entender o significado de uma comunicação. Quanto mais bloqueio à compreensão espontânea, tanto maior a necessidade da hermenêutica. A Exegese Para ter êxito na apresentação e aceitação de um idéia, uma proposta, um apelo ou qualquer outro argumento é extremamente necessário que haja por parte do orador uma boa exposição. Sem o conhecimento exegético o orador encontrará várias dificuldades, e assim, seus objetivos, mediante a exposição, serão frustrados. É verdade que há alguns que, mesmo sem este conhecimento, têm conseguido levar a muitos ao conhecimento da existência de Deus e consequentemente à aceitação do Senhor como mestre de suas vidas. Porém, seus resultados seriam muito melhores com o conhecimento desta disciplina, sem contar que não podemos nos apoiar em algumas exceções, e sim, somente em regras. Vejamos abaixo algumas importantes considerações sobre esta tão maravilhosa matéria. A concepção do termo Exegese é a ciência, arte e técnica de expor as idéias bíblicas. Ciência, quando considerada sob o ponto de vista de seus fundamentos teóricos (históricos, psicológicos e sociais). Arte, quando considerada em seus aspectos estéticos (a beleza do conteúdo e da forma). Técnica, quando considerada pelo modo específico de sua execução ou ensino. O termo “Exegese” é de origem grega e seu significado mais amplo é “Exposição”. Do verbo exagô, tirar para fora, conduzir, expor. Segundo o Dicionário Aurélio o termo “exegese” é um substantivo feminino que significa: Explicação ou interpretação de obra literária, artística, de um sonho, etc. Exegeta é o nome dado a pessoa que faz a exegese de um texto e etc. Existem algumas informações importantes que precisamos conhecer e sempre lembrar quando nos colocarmos diante de qualquer pessoa para expor qualquer idéia, se é que desejamos convencê-las à entender e aceitar nossos argumentos. Expondo uma idéia por meio do Corpo Antes de qualquer coisa é indispensável o cuidado com o corpo. Saiba que antes de abrirmos nossa boca já estamos falando por intermédio do nosso corpo a quem quer que seja. Será que o nosso corpo confirma o que falamos ou nos contradizem? Somos reparados por todos, inclusive pelos irmãos de nossa e de outras igrejas. Há pessoas que não se preocupam com o seu corpo. Em Romanos 8.11 encontramos: “E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo Jesus há de vivificar também os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita”. Que tipo de espírito habita em nós? Das trevas ou da luz? Entendemos que cuidar dos cabelos, unhas, barba, rosto, dentes, hálito, sapatos, modo de assentar-se, modo de falar, usar roupas adequadas para cada momento, o odor das axilas, um bom perfume, etc. fazem parte do cuidado com o “templo” do Espírito Santo e automaticamente comunicamos através do mesmo a palavra de nosso poderoso Deus. Por que as pessoas esquecem desta maravilhosa verdade bíblica? Como transmitiremos uma palavra quando o nosso corpo diz o oposto do que falamos? O bloqueio ocorrerá por mais espiritual que seja o ouvinte! Nosso corpo diz sem palavra alguma! Diz se somos relaxados, se somos cuidadosos, se somos respeitadores, etc. Os gestos com as mãos e dedos: O dedo indicador erguido tem seus significados: localização, acusação, repreensão e advertência. Obs.: Tenha o cuidado de não usar demais este gesto, porque ele pode demonstrar antipatia! A mão fechada pode indicar: raiva, ódio, ou uma emoção muito forte. Também não deve ser muito usado. A palma da mão para cima: afirmação ou apelo. A mão aberta para baixo: desprezo e rejeição. Os gestos com o olhar: Olhar ao espaço vazio: pensando em algo. Olhar serrado e meio de lado: desconfiança ou descrédito. Olhar por cima do interlocutor: superioridade ou desprezo. Olhar nos olhos do interlocutor: firmeza, confiança ou procurando ver a verdade. Os gestos com a face: Certo especialista disse que somos capazes de fazer com o rosto mais ou menos 250 mil expressões diferentes e somente as sobrancelhas podem ficar em até 23 posições. As conclusões de uma pesquisa revelam que apenas 7% da comunicação é feita por palavras, 38% pelo uso da voz com sua expressividade e tonalidade e 55% por meio da fisionomia. Isto mostra a grande importância da linguagem corporal. Um gesto facial agradável e sereno traz paz e tranqüilidade. Dentes serrados: expressa ira. Os gestos com a cabeça: Gesticular de um lado para o outro com a cabeça erguida: desaprovação. Gesticular de um lado para o outro com a cabeça inclinada para baixo: desaprovação mais discreta. Mesmo assim conseguimos perceber. Cabeça para baixo: medo, sentimento de inferioridade ou culpa. Sem contar que é um desrespeito ao interlocutor. Expondo por meio da Voz Para quem prega, ministra palestras, leciona na escola dominical, canta ou até mesmo para uma simples conversa com um amigo é muito importante que tenhamos cuidados especiais com a nossa voz. Um sermão, pode até ser muito bem elaborado, um tema maravilhoso e sugestivo, uma data favorável e etc. Mas, quando o orador começa a falar... Querendo ou não isto é uma grande realidade, tira um pouco do brilho do sermão. Quando um pregador tem uma voz agradável, obviamente, nos proporciona maior prazer em ouvi-lo. Você já se encontrou com uma pessoa formidável, bonita e de aspecto muito agradável, e quando a mesma abriu a boca para falar você mudou tudo o que pensou anteriormente sobre a pessoa? A voz é o instrumento de trabalho de qualquer orador e sendo assim devemos cuidar bem dela. Pela voz o orador mostra se é simpático ou antipático, claro ou confuso, ativo ou passivo, se tem capacidade ou se é um alienado daquilo que está acontecendo ao seu redor, se é uma pessoa estimulante ou monótona. A voz é um meio de comunicação eficaz, pois transforma os nossos pensamentos, sentimentos e convicções em palavras. Para as pessoas que têm dificuldades com a voz, existem várias técnicas para aperfeiçoamento, disponíveis à todos os que desejarem. Vale a pena lembrar da história de um dos maiores oradores gregos que foi Demóstenes o qual em seus primeiros discursos, foi até vaiado pelo público. Mas com muita vontade submeteu-se aos mais pesados sacrifícios para superar as deficiências naturais que poderiam desqualificá-lo como orador. Era gago, mas para ajudar a corrigir o mal recitava longos trechos de poesia com pedrinhas na boca. Sofria de tiques nervosos, mas reconhecendo o quanto eram prejudiciais à fala, fez de tudo para dominá-los. Discursava à beira das ondas do mar para habituar a voz ao ambiente agitado dos grandes auditórios. Ele conseguiu vencer, embora algumas de suas experiências talvez estejam ultrapassadas. Será que a disposição de Demóstenes não nos estimula a fazermos de tudo que for necessário para aperfeiçoarmos nossa voz e comunicação? Temos cirurgias reparadoras! O que estamos esperando? Expondo por meio das Palavras As palavras devem ser bem pronunciadas e para isto é indispensável o conhecimento de algumas técnicas labiais. Por mais que pareça estranho, é sempre bom a gesticulação dos lábios sempre antes de qualquer pronunciamento, seja longo ou de curta duração. Os lábios rígidos impedem as pronúncias mais claras. Exercícios com a língua ajudarão na pronúncia correta das sílabas. Muitos têm o habito de “assassinar” o s e o r que se encontram no final ou no meio de certas palavras. As palavras esclarecem, orientam e movem as pessoas. Há quatro maneiras de persuadirmos alguém: 1 – Pela força física (braços e armas): GUERRA; 2 – Pela força pessoal (exemplo): PSICOLOGIA; 3 – Pela força social (costumes e leis): DIREITO, e 4 – Pela força verbal (falada ou escrita): RETÓRICA. A propriedade das palavras: A propriedade das palavras consiste no conhecimento exato de sua forma (morfologia oral e escrita), origem (etimologia), significado atual (semântica e semiologia) e significado contextual (sintaxe). Por isso, o orador deve ser amigo da gramática e da lexicografia. Deve ter uma boa gramática da língua portuguesa, um bom Dicionário Etimológico e um Terminológico, atualizado nos verbetes e na ortografia. Só conhecendo bem as palavras, o pregador evitará os barbarismos. A fluência das palavras: As palavras devem ser bem pronunciadas, devem ser livres e bem colocadas. A elegância das palavras: A elegância no falar depende: 1. Do conhecimento da língua (como acima exposto); 2. Da criatividade (habilidade de construir as frases com inteligência, valendo-se de topos e figuras de linguagem), e 3. Dicção (capacidade de articular corretamente a voz). A boa dicção depende: a) Da pronúncia correta da palavra; b) Do timbre de voz; c) Impostação da voz. A boa dicção determina a clareza e a beleza da pronúncia. O pregador que cuida da elegância de suas palavras, não comete cacófatos nem gírias. A emoção nas palavras: Os psicólogos dizem que 60% de nossas decisões são emocionais, isto é, que na maioria das vezes, nossas escolhas não obedecem a uma determinação racional. Talvez, por isso, as pessoas não tenham tanto sucesso em suas decisões, mas é inegável que apesar de irracionais, muitas decisões emocionais têm levado muita gente ao êxito de seus empreendimentos. O pregador, que dispõe de uma mensagem divina, com o objetivo único de salvar o homem, dotando-o do melhor bem, não pode deixar de valer-se da emoção. Ele precisa envolver os seus assistentes numa forte atmosfera de viva emoção para facilitar-lhes uma sábia decisão ao lado de Cristo Jesus. O pregador não pode transmitir apenas idéias abstratas, verdades teóricas ou conceituais. Sua mensagem deve comunicar vida e vida abundante. A pregação não pode ser fria, contendo apenas palavra, razão e arte. Ela tem que ser uma expressão real de vida, uma expressão real de experiências vividas pela pregador. O pregador precisa vibrar de emoção ao comunicar a sua mensagem. Uma mensagem sem emoção é como comida sem tempero. É como pílula de vitamina C, que engolimos por obrigação, e não como uma laranja que sorvemos com prazer. No entanto as manifestações de emoção não podem dar lugar ao extremismo, onde somos bombardeados por ataques descontrolados do pregador por estar abalado. Tudo deve ser moderado e racional (Romanos 12.1). O evangelho é emoção com razão e não só emoção ou só razão. Não podemos confundir a pregação da palavra de Deus com choramingas e lamentações, que provocam impacto emocional, arrancam lágrimas e arrastam as pessoas à decisões ilusórias e não por convicção da razão pessoal. A unção nas palavras: Sabemos, mesmo não sendo muito espiritual, quando um pregador tem unção (autoridade dada por Deus na pronúncia de sua Palavra). No Novo Testamento, a unção é o sinal da presença e do poder do Espírito Santo sobre a pessoa. (At 2.1-21; 33, 37-40; 2 Co 1.21; 1 Jo 2.20, 27). A eletrônica e a palavra: Vivemos numa época em que os recursos eletrônicos nos ajudam para uma boa exegese bíblica. Temos ao nosso dispor, entre muitos outros, o microfone ligado a uma caixa amplificada conectada a uma mesa de som com recursos de equalização, onde podemos colocar a nossa voz em um tom mais grave ou mais aguda e etc. É muito importante para o pregador saber utilizar este recurso tão maravilhoso que Deus nos deu. Saber ligar um aparelho amplificador, equalizar uma mesa de som, saber usar bem um microfone ajuda e muito em nosso trabalho na exposição da palavra de nosso Senhor. Há alguns que não sabem utilizar corretamente um microfone: gritam, outros falam baixo demais pensando que ele é mágico, existem muitos outros que têm medo de usá-lo e outros que são “viciados” num microfone, pois sem ele se sentem “nus” e não conseguem falar. Devemos nos familiarizar com os recursos eletrônicos para nos ajudar e não para nos atrapalhar. Temos que dominar e não sermos dominados pelo microfone. Há ambientes que não necessitam de aparelho amplificador, somente a voz natural é suficiente e um violão para acompanhar os louvores. O volume e a qualidade do som devem ser uma constante preocupação do pregador, pois ele deve saber que um aparelho alto demais incomoda e ao invés de ter a simpatia; ele terá um ouvinte se encolhendo sobre o banco e nem um pouco disposto a ouvir a palavra ministrada, por mais bela que seja. A qualidade não é diferente: aquele zumbido agudo e estridente, que damos o nome de microfonia, acaba com qualquer disposição. O som esta bom, aleluia! Pra que berrar, eu não sou surdo! Respeitemos os ouvidos das pessoas e assim elas respeitarão a nossa palavra. Alguns passos para uma boa exegese Eis alguns exemplos muito interessantes: Ao sair de casa: 1 Um bom banho; 2 Cabelos e barba bem feitos; 3 Roupa bem passada e sapato bem engraxado; 4 Não se alimentar demasiadamente com alfaces, maracujá ou qualquer outro tipo de alimento que causa sonolência. Obs.: Isso pelo menos no dia da ministração da palestra; 5 Gesticule os lábios, a boca e a língua discretamente para que durante sua exposição não falte a saliva. Esta é que fará a lubrificação da cavidade bucal, não a deixando seca; 6 Sejam as palavras bem pronunciadas na hora da palestra; e 7 Higiene bucal para evitar o mal hálito. No local da palestra: 1 Chegue pelo menos 15 minutos antes no início da programação; 2 Verifique junto ao operador de som: o volume, qualidade e os recursos especiais disponíveis na amplificação de sua voz; 3 Procure se comunicar individualmente com cada um no local da palestra, isto dará uma condição simpática junto ao plenário; 4 Seja humilde; 5 Mostre que seu objetivo é o de ajudar e não o de mostrar que sabe tudo; 6 Olhe para o plenário com olhar de amor, o amor de Deus que está em ti; 7 Conheça bem o assunto que abordará, pois isso transmitirá ao povo mais confiança em suas palavras e você não se perderá na ministração; 8 Faça a hermenêutica do texto que vai usar; e 9 Faça o esboço do assunto que vai abordar. A Homilética É indispensável este conhecimento para quem deseja oferecer o melhor para o reino da divulgação eclesiástica. Embora haja, nós sabemos, quem não admita a necessidade deste conhecimento. Sem dúvida alguma, recusar esta tão valiosa ajuda é um “crime” contra os nossos ouvintes. Graças a Deus que a realidade em nossos dias é muito diferente. O nível de cultura e conhecimento tem crescido grandemente entre as pessoas, sendo assim, temos a obrigação de nos qualificarmos consideravelmente, até mesmo em respeito a um povo que não é ignorante. Há pessoas que dizem que usar um esboço na ministração tira a unção da pregação. Eu diria a estes, com todo respeito, que já não havia unção no próprio pregador e não no esboço elaborado. Acredito que os que dizem tais coisas, o fazem por não conhecerem os recursos maravilhosos que a Homilética nos oferece. Neste trabalho, desejamos oferecer algumas importantes informações sobre esta tão necessária disciplina para todo aquele que ministra ou aquele que gosta de ouvir uma boa ministração da Palavra de Deus. A concepção do termo O termo “Homilética” deriva do substantivo grego “Homilia”, que significa literalmente “associação”, “companhia”, e do verbo Homileo, que significa “falar”, “conversar”. O Novo Testamento emprega o substantivo Homilia em I Co 15.33 “Não vos enganeis. As más companhias corrompem os bons costumes”. A Homilética é considerada como ciência, quando observada sob o ponto de vista de seus fundamentos teóricos (históricos, psicológicos e sociais); é arte, quando considerada em seus aspectos estéticos (a beleza do conteúdo e da forma); e é técnica quando considerada pelo modo específico de sua execução ou ensino. O termo Homilética tem suas raízes etimológicas em três palavras da cultura grega: 1 – Homilos, que significa “multidão”, “turma”, “assembléia do povo” (At 18.17); 2 – Homilia, que significa “associação”, “companhia” (I Co 15.33); e 3 – Homileo, que significa “falar”, “conversar” (Lc 24.14; At 20.11; 24.26). A relação da Homilética e outras disciplinas Como disciplina teológica, a Homilética pertence a teologia prática. As disciplinas que mais se aproximam da Homilética são a Hermenêutica e a Exegese. Enquanto a Hermenêutica é a ciência, arte e técnica de interpretar corretamente a Palavra de Deus, e a Exegese a ciência, arte e técnica de expor as idéias bíblicas, a Homilética é a ciência, arte e técnica de comunicar a Palavra de Deus. A Hermenêutica interpreta um texto bíblico à luz de seu contexto; a Exegese expõe um texto à luz da teologia bíblica; e a Homilética comunica um texto bíblico à luz da pregação bíblica. Os problemas causados pela falta da Homilética A Palavra de Deus afirma que “...logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo” (Rm 10.17). Como é possível, então, que surjam dificuldades quando esta palavra é proclamada! O problema não está na palavra em si “Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12). O problema não está na Palavra de Deus, mas em sua proclamação, quando feita por pregadores que não admitem suas imperfeições Homiléticas pessoais! Atualmente, as dificuldades mais comuns na pregação bíblica encontram-se nas seguintes áreas: 1- Falta de preparo adequado do pregador: Na maioria das vezes, a pregação pobre tem sua raiz na falta de estudo do pregador. Muitos julgam ter condições de preparar uma mensagem bíblica em menos de seis horas, sem o árduo trabalho hermenêutico, exegético e Homilético. Pensam que basta ter um esboço de três ou quatro pontos para edificar a igreja. 2- Falta de unidade corporal na prédica: Os ouvintes do sermão dominical perdem o interesse pelo recado do pastor quando este apresenta uma mensagem que consiste numa mera junção de versículos bíblicos, às vezes até desconexos, pulando de um livro para outro, sem unidade interior, sem um tema organizador. A falta de unidade corporal na prédica leva o ouvinte a depreciar até a mais correta exposição da Palavra de Deus. 3- Falta de vivência real do pregador na fé cristã: O pior que pode acontecer ao pregador do evangelho é proclamar as verdades libertadoras de Cristo e, ao mesmo tempo, levar uma vida arraigada no pecado e em total desobediência aos princípios da Palavra de Deus. Por isso Paulo escreveu: “...Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à submissão, para que, depois de pregar a outros, eu mesmo não venha ficar reprovado” (I Co 9.27). Em outras ocasiões, o pregador esteja vivendo em santificação, mas ainda assim, quando suas mensagens são apresentadas de forma muito teórica e empregando termos técnicos, latinos e gregos que o povo comum não entende, elas se tornam enfadonhas. No fim do culto o rebanho admite que o pregador falou bem e bonito, mas se queixará de não ter entendido nada. 4- Falta de aplicação prática: As necessidades existentes na igreja são reais. Muitas mensagens são boas em si mesmas, mas se tornam pobres na prática, na edificação do povo de Deus pois não é como remédio aplicado adequadamente. Constituem verdadeiros castelos doutrinários, mas não mostram como colocar em prática, de maneira viável, os ensinos da Palavra de Deus. 5- Falta de equilíbrio na seleção dos textos bíblicos: A maior parte das escrituras foi praticamente abandonada na pregação eficiente do evangelho. Mais de 95% dos sermões evangélicos pregados no Brasil baseiam-se no Novo Testamento e, em geral, limitam-se a textos evangelísticos tais como: Lc 19.1-10; Jo 1.12; 3.16; 14.6; Rm 8.28; II Co 5.15-21 e etc. Prega-se a verdade, mas não toda a verdade! O alvo do apóstolo Paulo era pregar o evangelho (Ef 3.8). É bom lembrar que os apóstolos, e com eles a primeira geração da igreja primitiva, utilizavam quase sempre o Antigo Testamento. Eles baseavam suas mensagens naqueles 39 livros, que constituem mais de dois terços de nossa Bíblia atual. 6- Falta de prioridade da mensagem na liturgia: O culto teve início pontualmente as 19:30hs com um belo programa musical seguido de muitos testemunhos empolgantes, várias orações e diversos avisos. Finalmente as 21:30hs, quando toda a congregação já estava cansada, o dirigente anunciou: “vamos agora para a parte mais importante do nosso culto. Com a palavra o nosso pastor que vai pregar o santo evangelho”. O pastor, então fica constrangido de pregar 40 minutos, pois sabe que ninguém irá agüentar. A característica principal de um culto evangélico é a pregação da Palavra de Deus. Números especiais bem ensaiados, testemunhos autênticos, aviso, tudo isso é útil e necessário, desde que em seu devido lugar. Devemos zelar para que nossos cultos não se tornem festivais de música popular ou reuniões para avisos, mas sim, encontros com Deus em sua palavra! Lutero era muito enfático em afirmar que, onde se prega a Palavra de Deus e são ministrados o batismo e a ceia, é ali que se encontra a verdadeira igreja. 7- Falta de um bom planejamento ministerial: O pregador eficiente planeja sua pregação com antecipação. Muitos pastores ministram a palavra sem nenhum plano ou propósito. Eles simplesmente decidem, a cada semana, quais os tópicos para os sermões do domingo seguinte. Algumas vezes, a decisão é feita na sexta-feira ou no sábado. A pregação sem um plano de longo alcance produz diversos resultados negativos: a) o pregador é colocado sob tensão e ansiedade desnecessárias; b) muitos pastores simplesmente pregam os mesmos sermões, domingo após domingo. Eles escolhem um texto novo, mas no fim o conteúdo acaba sendo idêntico ao daquele outro velho sermão; c) outras vezes, o pregador tem uma idéia boa para um sermão, mas não dá tempo para que ela se desenvolva; e d) aqueles que não planejam sua pregação, geralmente sedem a tentação do plágio. O bom pregador deve fazer um planejamento anual, incluindo mensagens para os dias especiais (Natal, Páscoa, Aniversário da Igreja e Etc.) dessa forma, ele alimentará seu rebanho com uma dieta sadia e balanceada. Outros motivos que resultam em problemas para a Homilética. Além das dificuldades já mencionadas, devemos lembrar que a pregação vem sendo desvalorizada pela civilização que atinge nossas igrejas. Muitas famílias preferem assistir ao “Fantástico” em vez de ouvir uma mensagem simplesmente exortativa e moralista. Há também a questão da grande diversidade de igrejas e pregadores evangélicos, o que facilita a família recém-chegada optar entre o pregador eloqüente e popular e a igreja com status. Além disso, o estresse do dia-dia faz com que, mesmo no domingo, não haja mais o sossego necessário para reflexões espirituais profundas. O conteúdo da Homilética Com a Palavra de Deus é nos dado o conteúdo da pregação. Pregamos esta palavra, e não meras palavras humanas. Na comunicação da Palavra de Deus, lembremo-nos de que nossa pregação deve consistir nessa mesma palavra: “Se alguém fala, fale como entregando oráculos de Deus; se alguém ministra, ministre segundo a força que Deus concede; para que em tudo Deus seja glorificado por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio para todo o sempre. Amém” (I Pe 4.11). Este falar não é o nosso falar, sendo antes um dom de Deus, um charisma. No poder de Deus nosso falar torna-se o falar de Deus: “Por isso nós também, sem cessar, damos graças a Deus, por vós, havendo recebido a palavra de Deus que de nós ouvistes, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo ela é na verdade) como palavra de Deus, a qual também opera em vós que credes” (I Ts 2.13); cf. I Co 2.4; II Co 5.20; Ef 1.13”. Concluímos, pois, que o conteúdo da Homilética evangélica é a Palavra de Deus. Com ela é nos confiado um “tesouro em vasos de barro” (I Co 4.7). É de nossa responsabilidade “Que os homens nos considerem, pois, como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus” (I Co 4.1), que não nos “esquivemos de anunciar-lhes todo o conselho de Deus” (At 20.27). O conteúdo da pregação apostólica testifica a plenitude do testemunho bíblico. E isto se torna evidente ao analisarmos os sermões de Pedro e de Paulo, no livro de Atos (Mensagens de Pedro: At 2.14-40; 3.12-26; 4.8-12; 5.29-33; 10.34-43; Mensagens de Paulo: At 13.16-41; 14.15-17; 17.22-31; 20.18-35; 22.1-21; 24.10-21; 26.1-23; 26.25-29). Nestes sermões, encontramos um testemunho de seis faces que, com palavras diferentes, repete-se: 1- O testemunho da perdição do homem (o pecado e seu julgamento); 2- O testemunho da história da salvação efetivada por Deus em Cristo Jesus (sua humilhação, encarnação, sofrimento, morte, ressurreição, exaltação e segunda vinda); 3- O testemunho das escrituras e da própria experiência; 4- O testemunho da necessidade imperativa de arrependimento e dedicação da vida a Jesus Cristo (confissão dos pecados, fé salvadora, vida santificada); 5- O testemunho do julgamento sobre a incredulidade; e 6- O testemunho das promessas para os fieis. As mensagens apostólicas dirigem-se ao homem integral e convidam-no a uma entrega absoluta a Cristo (consciência, razão, sentimento e vontade). A importância da Homilética A igreja viva de nosso Senhor Jesus Cristo origina-se, vive e é perpetuada pela Palavra de Deus (Rm 10.17). Pregar o evangelho significa despertar, confirmar, estimular, consolidar e aperfeiçoar a fé (Ef 4.11). Por essa razão, a prédica é a característica marcante do cristianismo. “Nenhuma outra religião jamais tornará a reunião freqüente e regular de massa humana para ouvir instrução religiosa e exortação, uma parte integrante do culto divino”. Para o seminarista e futuro pregador do evangelho, “a Homilética constitui a coroa da pregação ministerial”, porque para ela convergem todas as matérias teológicas, a fim de originar, vivificar, caracterizar, renovar e perpetuar o cristianismo autêntico. Além de importante, a Homilética também é nobre, “porque se interessa exclusivamente pelo bem das almas”, que são objetivo do amor infinito, da graça remidora e do poder renovador de Jesus Cristo. Disse o líder evangélico René Zapata (El Salvador): “A pregação é o principal meio de difusão do cristianismo, mais poderosa do que a página escrita, mais efetiva do que a visitação e o aconselhamento, mais importante do que as cerimônias religiosas. É uma necessidade sobrenatural, convence a mente, aviva a imaginação, move os sentimentos, impulsiona poderosamente a vontade. Mas depende do poder do Espírito Santo. É um instrumento divino; não é resultado da sabedoria humana, não descansa na eloqüência, não é escrava da Homilética”. A Homilética é importante devido seu conteúdo (a proclamação do evangelho como característica fundamental do cristianismo autêntico), seu lugar central na preparação do ministro evangélico e seu objeto (o bem-estar do homem, criado por Deus). Três Alvos da Homilética Qual o alvo da mensagem evangélica? Podemos ficar satisfeitos com a mera preparação e apresentação da prédica? Quais os objetivos de tanto esforço na preparação, estruturação, meditação e, finalmente, a pregação do sermão? Para T. Hawkins, “o objetivo da Homilética é auxiliar na elaboração de temas que apresentem em forma atraente uma mensagem da Palavra de Deus, com tal eficiência que os ouvintes compreendam o que devem fazer e sejam movidos para fazê-lo”. Em geral, podemos dizer que o objetivo da mensagem evangélica é a conversão, nutrição, comunhão, motivação e santificação para a vida cristã. Primeiro Alvo: A salvação de pecadores e perdidos “Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego” (Rm 1.16). “Em toda pregação, Deus procura primariamente, mediante seu mensageiro, trazer o homem para a comunhão Consigo”. É por meio da mensagem anunciada, ouvida e crida que os homens são salvos da perdição, da escravidão do pecado e da morte, “pois é com o coração que se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação” (Rm 10.10); “Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado. Ora, o escravo não fica para sempre na casa; o filho fica para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.34-36). O desejo de Deus, “...todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (I Tm 2.4). Toda pregação do evangelho, portanto, deve incluir nitidamente a oferta da salvação. A prédica evangélica também não pode silenciar quanto à situação e ao destino dos perdidos (Jo 3.18,36; Ap 22.15). Ao mesmo tempo, a pregação bíblica anuncia com convicção a necessidade de reconhecer, confessar e deixar todo e qualquer tipo de pecado, convertendo-se ao Deus vivo e verdadeiro (Pv 28.13; Rm 10.10; I Ts 1.9). Concluímos, pois, que é necessário salientar: a) o testemunho da perdição eterna e depravação total do homem que vive sem Deus ou contra Deus; b) o testemunho da salvação em Cristo Jesus pela fé; c) o testemunho da importância do arrependimento e da conversão ao Senhor Jesus; d) o testemunho da regeneração pelo poder do Espírito Santo; e) o testemunho da vida nova e transformada em Cristo; f) o testemunho do senhorio de Cristo em nossas vidas; e g) o testemunho da esperança viva nos discípulos autênticos. Segundo Alvo: A pregação do evangelho, porém, não se dá por satisfeita em apenas chamar à comunhão viva com o Senhor Jesus Cristo. Após a conversão, a ênfase deve estar sobre as coisas que acompanham a salvação (Hb 6.9). Nutrição, motivação, doutrinamento, perfeição, edificação, consolidação, consagração e santificação devem complementar a pregação evangelística-missionária (Cl 1.28; 2.6; Ef 3.17; 4.11; I Co 3.11). Isto deve acontecer individual e eclesiasticamente (Rm 15.2; I Co 14.3; Ef 2.21; I Pe 2.5; I Co 3.9). Como indivíduo, o cristão precisa ser aconselhado (At 20.20; Jo 21.15-17; II Tm 4.2). Este processo de edificação e consolidação seria impossível sem o doutrinamento (Ef 4.14; Cl 1.11). Terceiro Alvo: O terceiro alvo da pregação evangélica visa a ação diaconal de cada membro do corpo de Jesus Cristo, a igreja (Ef 4.11; I Ts 1.9; Tt 3.8). Faz da mensagem neotestamentária que o cristão envolva-se no serviço de Deus (I Co 9.13; II Co 5.15; Gl 2.20). A verdadeira mensagem evangélica estimula o cristão para as diversas possibilidades ministeriais, sociais e diaconais (At 20.28; I Pe 4.10; 5.2; Rm 12.4-8). Resumimos este parágrafo sobre o alvo da Homilética com a convicção paulina de jamais deixar de anunciar todo e desígnio de Deus (At 20.27). A estrutura da Homilética A estrutura da Homilética estuda a montagem do sermão, as três formas principais de sermões, as maneiras de apresentar o sermão, as formas alternativas de pregação e a avaliação do sermão. A estrutura do sermão merece nossa atenção, nosso esforço laborioso e a devida preparação paciente para causar um “impacto imediato sobre os ouvintes”. Livros teológicos inteiros foram escritos somente para enfatizar o aspecto formal da Homilética. Na estrutura do sermão, estudamos os princípios da elaboração formal ou esquematização. Nossa atenção volta-se para o tema, o texto, a introdução, o esboço, propriamente dito, a conclusão e, finalmente, o apelo da prédica. Veja uma estrutura: Tema: XXX Texto: XXX Introdução: XXX Esboço: XXX I)XXX 1. XXX 2. XXX 3. XXX II)XXX 1. XXX 2. XXX 3. XXX III)XXX 1. XXX 2. XXX 3. XXX IV)XXX 1. XXX 2. XXX 3. XXX Conclusão: XXX Apelo: XXX O Tema: O tema da mensagem especifica o assunto sobre o qual o pregador irá falar. Por exemplo: Você prepara uma mensagem baseada em Jo 15.1-8. O assunto é a videira verdadeira, mas o tema da mensagem será mais especifico, “A vida frutífera do cristão”, “Como o cristão pode ter uma vida frutífera” e Etc. A definição do tema é um dos últimos itens a serem elaborados no sermão. Não é aconselhável escolher primeiro o tema da mensagem e depois definir o texto, a não ser que o sermão seja sob tópico. É mais fácil definir o tema depois de feita a hermenêutica, depois de o esboço ter sido elaborado. A definição do tema exige tempo e bastante reflexão: O tema é claro e compreensível? É pertinente ao texto bíblico? Relaciona-se com o esboço? É bem específico ou parece mais um assunto geral? Ele contém alguma contradição? Escandaliza aos ouvintes por ser fantástico, extravagante, rude ou irreverente? É controvertido? Chama a atenção do auditório? O tema pode ser expresso como uma afirmação, interrogação, exclamação ou até uma citação ou parte de um versículo. O Texto: Deve ser escolhido mediante orientação do Espírito Santo de Deus. O pregador deve estar atento ao encontrar textos bíblicos com os quais ele ministrará a Palavra de Deus para a exortação da igreja. Deve sempre, para facilitar, carregar papel e caneta a fim de anotar para não perder as informações encontradas, isso facilitará a meditação e “germinação” do sermão. A Introdução: É um processo pelo qual o pregador procura preparar a mente dos ouvintes e prender-lhes o interesse na mensagem que vai ministrar. Os objetivos principais da introdução são conquistar a atenção do auditório e despertar seu interesse pelo tema da prédica. Podemos comparar a entrega da mensagem como um vôo. As três fases principais são a decolagem, o vôo acima das nuvens e a aterrissagem. Sabemos que, tanto em vôos domésticos como em internacionais, a decolagem e a aterrissagem exigem o esforço máximo do piloto. A decolagem é essencial para um vôo bem sucedido. Ela é breve. O piloto faz o máximo possível para atingir a altura correta com sua aeronave. Da mesma forma, a introdução da mensagem exige do pregador concentração, esforço e brevidade, a fim de poder dar continuidade a viagem de maneira tranqüila acima das nuvens, o mais rápido possível. Uma boa introdução, preparada e memorizada, dá ao pregador segurança, tranqüilidade, firmeza e liberdade na pregação. O Esboço: A elaboração de um esboço é uma arte em si. Toda via, os princípios para o esquema de um bom esboço são de caráter técnico, podendo ser estudados e apropriados por qualquer aluno de Homilética dedicado. A preparação sistemática e refletida de um esboço simples, prático e convincente exige tempo, flexibilidade mental e conhecimento psicológico e gramatical por parte do pregador. O esboço surge por meio do estudo hermenêutico. Muitas vezes, ele é extraído do próprio texto bíblico. O esboço é composto das seções principais de uma mensagem ordenada dos pontos de destaque da prédica, que formam os passos lógicos de seu desenvolvimento. Ele pode ser composto dos argumentos fundamentais, das respostas básicas ou das exclamações centrais do sermão. Não é extremamente necessário que cada esboço tenha três pontos principais, embora, na prática, isso muitas vezes corresponde a realidade. O esboço pode ser composto de apenas dois pontos ou até de oito ou nove aspectos principais. O bom senso do pregador, assim como o nível médio dos ouvintes, determina os pontos do esboço. Não é recomendável ter dezenove tópicos num só esboço, nem apresentar seus subesboço no esboço principal do sermão. As subdivisões do esboço-chave da mensagem não deve constituir um novo esboço central. Isso apenas confunde o auditório. Sugerimos, portanto, um esboço principal composto de dois a cinco pontos, como regra básica. Se você tiver mais do que isso, será melhor subdividir o tema e apresenta-lo em duas mensagens. Um esboço bem elaborado ajuda o pregador obter a unidade de pensamento. É muito fácil os pensamentos do pregador saírem da linha, incompatibilizarem-se mutuamente ou até se repetirem. Um esboço previamente estruturado e anotado num manuscrito ajuda o pregador a lembrar-se do conteúdo do sermão, de maneira que ele se torna mais independente de suas anotações. A grande vantagem de um esboço bem patente para a congregação é que ele esclarece os pontos principais do sermão. Outra vantagem é que o ouvinte lembra-se com mais facilidade das afirmações-chaves do texto bíblico, as quais serviram como base para a mensagem. Em muitos casos, o esboço do pregador consegue ser tão simples, claro e convincente que o ouvinte ainda se recorda da prédica após dez anos, quando relê a passagem bíblica. Portando, um bom esboço tem seu valor didático e espiritual, levando o cristão a crescer em sua fé. Entretanto quais são os princípios que devemos aplicar para elaborarmos um esboço ordenado? Damos agora, doze principais princípios, são eles: 1- Ele deve corresponder ao tema. Não adianta escolher o tema “a videira verdadeira” e no esboço, referir-se ao significado, à necessidade, a urgência, aos métodos e aos resultados do arrependimento. O esboço deve corresponder ao tema, assim como os frutos correspondem a árvore. Conseqüentemente, o esboço emana do tema, assim como o tema emana do texto bíblico que fundamenta o sermão; 2- O esboço deve corresponder também ao texto bíblico. Em muitos casos, o próprio texto bíblico oferece o esboço natural para o sermão; 3- Os pontos individuais do esboço devem ser totalmente distintos, pois cada argumento é uma parte integrante de toda a estrutura do sermão. Não adianta repetir no terceiro ponto, com palavras semelhantes, o que já foi esclarecido no primeiro. A repetição ou semelhança de pensamentos, afirmações, interrogações, exclamações ou argumentos no esboço é o erro mais comum dos pregadores principiantes; 4- O esboço precisa ser ordenado seqüencial e progressivamente. Seqüencialmente, a fim de mostrar coerência lógica de pensamentos, e progressivamente, por motivos retóricos e psicológicos. Deixe o argumento mais importante, o ponto alto, para o final da mensagem, visando garantir que o auditório o acompanhe através de toda a prédica; 5- O esboço deve apresentar coerência lógica. O esboço ordenado não se contradiz, não complica, não deixa dúvidas; pelo contrário, elimina dúvidas; 6- O esboço deve ser elaborado harmonicamente. Use três afirmações, três exclamações ou três interrogações, mas nunca misture uma afirmação com uma interrogação, ou uma exclamação com um pergunta; 7- O esboço também deve estar gramaticalmente correto e coerente. Comece quatro vezes com o artigo masculino ou com o feminino; ou três vezes com os verbos principais, com substantivos, sempre na mesma ordem gramatical. Seus pontos encontram-se todos no presente, no passado ou no futuro. Nunca misture os tempos!; 8- Cada ponto do esboço deve conter uma só idéia; do contrário, confundiremos o ouvinte. Cada ponto também deve esclarecer completamente seu tópico único. Não é recomendável iniciar uma idéia nova sem ter exposto a anterior claramente; 9- O bom esboço emprega o menor número possível de pontos. O excesso de ponto comprova a superelaboração da prédica e não ajuda o auditório a lembrar-se dos pensamentos-chave da ministração do sermão; 10- É dever moral do pregador não elaborar um esboço ambíguo ou escandaloso; e 11- Finalmente, recomenda-se também que o esboço seja rítmico. Com isto referimo-nos a rítmica gramatical das palavras. No esboço de três pontos, por exemplo, você empregaria três palavras principais que terminam com: são, ação, ável, o, a, ismo, tude, ar, er, ir, ou dade. Exemplos 1: Tema: “O lugar chamado calvário” Texto: Jo 19.17-18 Esboço: 1 – Era lugar de crucificação 2 – Era lugar de separação 3 – Era lugar de exaltação Exemplo 2: Tema: “A visão mundial de Deus” Texto: I Tm 2.4 Esboço: 1 – É uma visão da humanidade 2 – É uma visão da eternidade 3 – É uma visão da verdade A Conclusão: A boa mensagem merece cuidados especiais em sua conclusão. Esta não é o mero fim, o ponto final da prédica. É o ponto culminante, o que fala mais diferente ao ouvinte. O pregador deve concluir a mensagem com breves palavras resumindo todos os pontos, ratificando-os ao plenário. O Apelo: Após a conclusão da mensagem é muito importante fazer o apelo aos ouvintes do sermão. Se falarmos, na ministração do sermão, sobre a necessidade do cristão ter uma vida em oração, será ótimo convidarmos os ouvintes fazendo-lhes um apelo para que vivam uma vida de oração. Necessariamente, o apelo não está somente ligado ao pedido para que os ouvintes venham aceitar a Cristo como salvador, como muitos pensam. Podemos e devemos fazer apelos ao povo dizendo-lhes para que tenham uma vida santificada, dedicada, testemunho, postura e Etc. Lembre-se de que, no apelo, dirigimo-nos à vontade, à consciência e aos sentimentos do ouvinte. O apelo não deve ser forçado ou prolongado, mas simples, discreto e não ofensivo. As três formas principais de sermão Tradicionalmente, as obras homiléticas diferenciam-se em três tipos de sermão: Sermão Temático (também chamado de sermão de tópico), cujos argumentos resultam do tema independentemente do texto; o Sermão Textual, cujos argumentos principais são tirados do texto bíblico; e o Sermão Expositivo, cujos argumentos giram em torno da exposição exegética completa do trecho bíblico em pauta. Atualmente, esta classificação esta sendo questionada por ser artificial, confusa, inútil, teórica e restritiva, pois qualquer mensagem bíblica é: temática, por ter um tema principal; textual, porque se baseia em um ou alguns textos bíblicos; e também expositiva, visto que expõe as idéias da Palavra de Deus. Reconhecemos que existem várias maneiras de se classificar os sermões. Poderíamos agrupar as mensagens conforme seu conteúdo ou assunto principal, sua estrutura, seu método psicológico (indutivo, expositivo) ou ainda sua categoria eclesiástica (evangelisticas, exortativas, doutrinárias, de avivamento, devocionais, inspirativas, consoladoras, nupciais, natalícias, cívicas, fúnebres, festivas e Etc.). O Sermão temático É aquele cuja divisão é extraída do tema. Em outras palavras, divide-se o tema, não o texto de onde o tema é tirado. Neste tipo de sermão, há grande possibilidade de expor vários textos da Bíblia desde que não fujam do tema. Exemplo de um sermão temático: Tema: “A dádiva suprema de Deus” Texto: Jo 3.16 “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Introdução: As dádivas são muito apreciadas por todos os homens. Esta apreciação chega ao ponto de existirem casas comerciais que exploram a venda de artigos específicos para presentes. De fato, a vida social perderia muito de seu encanto se os amigos e parentes não se presenteassem. Os homens aprenderam ou herdaram isso de Deus. Deus é o autor das dádivas. “Toda boa dádiva e todo o dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tg 1.17). E, entre as dádivas que vêm de Deus, há uma que é suprema, a qual muitos ainda não quiseram receber, embora lhes seja diariamente oferecida. Esboço/Divisão: I) Em que consiste esta dádiva. 1. Não consiste apenas em valores materiais ou nas ricas e abundantes coisas criadas por Deus e colocadas à disposição do homem: a) Os animais que lhe servem de alimento, aumentam suas posses ou ajudam no trabalho; b) Os rios, lagos, mares e florestas, de onde extrai a substância, o conforto e os recursos para viver; e c) Os minerais (minérios e pedras preciosas), com os quais se enriquece e obtém matéria-prima. Obs.: Todas estas coisas são dádivas de Deus, porém não são supremas. II) O valor desta dádiva. 1. Não há outra maior do que ela, visto que se trata de um filho, o de Deus. a) Quem dá o filho que ama, dá o melhor que possui; e b) Quem dá o filho que ama, dá a própria vida. 2. Não há outra melhor do que ela, visto que Deus deu o melhor que possuía no céu e na terra. 3. Não há outra melhor do que ela, visto que Jesus encerra as perfeições divinas e humanas. III) A finalidade desta dádiva. 1. Toda dádiva tem uma finalidade: a) Agradar; b) Honrar; c) Beneficiar; d) Provar o grau de amor ou amizade; e) Demonstrar gratidão; e f) Retribuir favores recebidos. 2. A dádiva de Deus aos homens, contudo, tem um propósito supremo: a) Visa demonstrar Seu grande amor pelos homens. “Porque Deus amou...; b) Visa revelar Sua misericórdia e santo propósito aos homens. “...para que todo aquele que nele crê não pereça...”; e c) Visa, finalmente, enriquecer os homens com a posse do tesouro mais preciosa da vida, a salvação. “...mas tenha a vida eterna”. IV) A quem é oferecida esta dádiva. 1. A quem os homens costumam oferecer seus presentes preciosos: a) Aos melhores amigos; b) Aos homens mais dignos; e c) Aos parentes mais queridos. 2. Deus, porém, oferece Sua dádiva suprema: a) Não aos melhores homens. (Lc 11.13); b) Não aos justos. (Rm 3.10); e c) Mas aos pecadores perdidos. (Lc 5.32; 19.10) Conclusão: Receber esta dádiva tão extraordinária de Deus não é para qualquer um, assim valorizemos este presente especial de nosso Senhor para nós hoje e sempre. Lembremo-nos que a maior prova de gratidão que podemos dar ao Senhor por tão belo presente é usarmos o presente que recebemos. Apelo: Mostre hoje mesmo para todos o grande presente que você recebeu como prova de valorização. Vantagens do sermão temático: 1. É o de divisão mais fácil. De fato, é o mais simples. É mais fácil dividir o tema do que um texto, visto que este é mais complexo; 2. É o de lógica mais fácil. O sermão temático é o que mais se presta à observação da ordem e da harmonia das partes; 3. Conserva melhor a unidade. A proporção entre o primeiro e o último ponto e a relação de harmonia entre estes e o tema constituem o segredo de sua unidade. Assim, é mais fácil ser mantido até o fim; 4. Presta-se melhor à discussão de temas morais, evangelísticos e ocasionais; e 5. Adapta-se melhor à arte de falar ao público, retórica. Necessidades para elaboração do sermão temático: 1. Grande controle do pregador para evitar divagações ou generalidades vazias e inexpressivas; 2. Requer um estilo mais apurado e formal do que os outros; 3. Exige mais imaginação e vigor intelectual, visto que se presta mais ao uso de símiles, metáforas e analogias; 4. Exige mais cultura geral e teológica, já que não está limitado à análise do texto; e 5. Exige mais conhecimento da lógica e da dialética, pois tende a discussões apologéticas. O Sermão Textual É o sermão cuja divisão baseia-se unicamente de um texto bíblico. Neste caso, a base do trabalho é o texto e não o tema sabendo, porém, que é o tema que determina a linha de pensamento coordenando o sermão. Há três modalidades de sermão textual, veja abaixo: 1 – O sermão textual natural ou puro: É aquele cujas divisões são feitas de acordo com as declarações originais do texto, tais como se encontram na Bíblia. O mesmo é montado, ordenado e exposto sem referências de outros textos da Bíblia. Usamos somente um único texto bíblico para a realização deste tipo de sermão. Exemplo: Tema: “Cinco Passos Para a Vitória” Texto: II Cr 7.14 “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra” Introdução: Para tudo na vida é necessário que haja, por ser a melhor coisa a obter, algumas exigências por parte do beneficiador. Se desejarmos um bom emprego, por exemplo, ocorrerá obviamente uma exigência maior por parte do empregador. Acontece exatamente o mesmo, quando nos referimos a coisas espirituais. Quanto maior a posição eclesiástica, maior será as exigências por parte de Deus. É o que aprenderemos com a Palavra do Senhor neste momento e para isso quero pedir toda a sua atenção. Esboço/Divisão: I) O primeiro passo para a vitória. 1 – Ser povo de Deus. a) Ser de Deus implica: - Em não termos direito de recusar seu senhorio; e - Em sermos servos Dele. 2 – É uma condição. a) Esta condição implica: - Reconhecer a soberania de Deus; e - Reconhecer que não é opcional, se desejarmos os benefícios do Senhor temos o direito de aceita-lo. II) O segundo passo para a vitória. 1 – Chamado de povo de Deus a) Para que um povo seja chamado de povo de Deus implica: - Em não ser chamado de povo mundano; e - Em não ser desobediente as determinações do Senhor. III) O terceiro passo para a vitória. 1 – Humilhar-se diante do Senhor o que implica: - Em estar disposto a tudo por amor ao Senhor; e - Em estar disposto a reconhecer a autoridade de Deus sobre suas criaturas. IV) O quarto passo para a vitória. 1 – Orar e buscar a face do Senhor. 1.1 – Quem estar disposto a orar e buscar automaticamente expõe ao Senhor todas as coisas. a) O contado com Deus implica: - Estar em comunhão com Ele; e - Estar fortalecido por Ele. V) O quinto passo para a vitória. 1 – Converter dos seus maus caminhos. a) Esta condição implica: - Estar disposto em mudar 180 graus; e - Estar disposto a reconhecer que não é prefeito e precisa mudar. Conclusão: Repare: até nas condições de Deus, Ele nos mostra seu amor e sabedoria. Ser povo de Deus; chamado de povo de Deus; humilhar-se; orar e busca; e se converter dos maus caminhos. São cinco as condições de Deus e, dentro da numerologia bíblica, o número “cinco” significa “graça”, e isto nos traz a idéia de estarmos com a disposição de Deus a nosso favor, favor este que não merecemos receber. Repare outra gloriosa verdade: Quantos são os sentidos humanos? “Cinco”: a visão, a audição, o olfato, a gustação e o tato. Isto nos traz a idéia de que Deus deseja que sintamos com todos os nossos sentidos as suas verdades e Ele, o Senhor, reconhecendo nossas imperfeições nos dá as condições necessárias para sermos felizes sob seus cuidados. Quando obedecemos, Deus nos responde da seguinte forma: 1 – “...Ouvirei dos céus...” a) Ele passa a ouvir, o que implica: - Que ele está atento ao que falamos; e - Pedido atendido. b) “...e perdoarei os teus pecados...” - Livres para servir; e - Tranqüilidade por não estar devendo. c) “... e sararei a sua terra...” - Não estar doente e assim disposto; e - Pronto para buscar para si sem impedimentos. Apelo: Recebamos de bom coração os cinco passos pra vitória que Deus nos dá. E assim seremos felizes. Vale lembrar que a soma das condições de Deus, mais os benefícios que Ele nos dá, resultam no número “oito”, o que significa, dentro da numerologia bíblica, o “completo” Que Deus assim nos abençoe poderosamente cada vez mais. Amém. 2 – O sermão textual analítico: Baseia-se em perguntas feitas ao texto, tais como: Onde? Quando? Quem? Por que? Pra que? As respostas são dadas pelas declarações ou frases de que o texto é constituído. Neste caso, os pontos principais expressam-se em forma interrogativa. Exemplo: Tema: “Como obter a Vitória?” Texto: II Cr 7.14 “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”. Introdução: Todos nós buscamos ser vitoriosos em nossos empreendimentos, seja na vida material ou espiritual. Já paramos para pensar quantos passos devemos dar para obtermos o sucesso? Pedimos orientação a Deus em coisas que queremos fazer? Ou será que nós não nos importamos com isso? Saibamos, nestes momentos de ministração da Palavra de Deus, o quanto é importante saber sobre como obter a vitória. Esboço/Divisão: I) Como Salomão obteve a vitória? 1 – Quando pediu a presença de Deus (II Cr 6.14-42). 2 – Quando agiu fazendo a casa do Senhor (II Cr 1-17; 4.1-22). II) Como Deus Respondeu? 1 – Criando situações: a) “se eu cerrar os céus... ordenar aos gafanhotos que consumam a terra...” Assim, percebemos que Deus queria um povo pronto para tudo e, acima de tudo, consciente; (II Cr 7.13). b) Simulou para encorajar; e c) Simulou para observar. 2 – Fazendo suas exigências. 2.1 – Como era seu povo? a) Nos momentos mais difíceis é que vemos quem realmente somos. Disse o Pastor Azamor Santos Coelho da Silva: “Não é nas ações que conhecemos as pessoas, mas sim, nas reações” 2.1.1 – Quais os passos para obter vitórias? Encontramos neste texto uma gloriosa orientação do Senhor para obtermos vitórias. a) Devemos ser povo de Deus; b) Devemos ser reconhecidos como povo de Deus; c) Devemos orar e buscar a face do Senhor; d) Devemos nos humilhar diante do Senhor; e e) Devemos nos converter dos nossos maus caminhos. III) Que especificações podemos encontrar na resposta de Deus para aqueles que querem obter vitórias? a) “...Então...” A partir da obediência; b) “... Eu...” Ele mesmo, pessoalmente; c) “...Ouvirei...” Ouvir é automaticamente o mesmo que atender; d) “... dos céus...” Mostra o quanto, apesar da distância, Ele é poderoso para nos atender. Ele está nos céus e nós na terra. e) “... e perdoarei...” Só Ele tem poder para perdoar. Perdoados somos livres do jugo. f) “... os seus pecados...” Nós é que pecamos e mesmo assim Ele nos perdoou. Nós é que procuramos errar contra Deus e mesmo assim Ele nos perdoou. g) “...e sararei...” Sarar implica em estar bem plenamente. Só Ele pode nos sarar. h) “... a sua terra...” Terra corresponde a nossa própria vida. Conclusão: Deus concedeu vitórias a Salomão por ele ter aceitado suas condições. Não é diferente conosco. Deus sempre está disposto a nos ouvir, mas será que estamos dispostos a ouvi-lo? Como já vimos, Deus coloca exigências diante de todos os que querem obter vitórias da parte Dele. Será que estamos dispostos a observar as leis de Deus? Apelo: Deus respondeu a Salomão e quer responder a cada um de nós. Façamos hoje mesmo novos votos a Deus a os cumpramos para que possamos obter vitórias. 3 – O sermão textual por inferência ou Ilativo: No sermão inferencial ou ilativo, as orações textuais são reduzidas a uma expressão sintética ou palavras que encerram o conteúdo, sendo, portanto, a essência da frase ou declaração. Esta modalidade presta-se à análise de textos que não podem ser divididos naturalmente. Veja exemplo de um sermão textual Inferencial ou ilativo: Tema: “O segredo de viver bem” Texto: I Pe 3.10-12 “Pois, quem quer amar a vida, e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano; aparte-se do mal, e faça o bem; busque a paz, e siga-a. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atento à sua súplica; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal”. Introdução: Viver bem, isto é, em harmonia com o próximo e em paz com todos os homens, com amor e respeito, deve ser o ideal de todo o homem honesto. Entretanto, ninguém está mais capacitado para viver essa vida ideal do que o cristão, pois, além de ser ajudado pela graça de Deus, é também orientado pelos ensinamentos do cristianismo. Neles, vamos encontrar o segredo de viver bem. Consideremos, pois, em que consiste este segredo encontrado nos ensinos cristãos. Esboço/Divisão: I) Consiste em trazer a língua sempre refreada. 1. A língua deve ser sempre refreada por causa da sua má tendência de falar o mal (Tg 3.3-5); 2. A língua deve ser refreada para que não destrua com o fogo da maledicência a reputação ou o caráter do próximo (Tg 3.5-12); e 3. O refreamento da língua é sinal de sabedoria, de espiritualidade e de crescimento na graça (Pv 15. 2, 28). II) Consiste em repudiar a mentira. “... E os seus lábios não falem engano...” 1. Porque a mentira é do diabo e o que mente é seu filho (Jo 8.44; Ef 4.25); 2. Porque o justo aborrece a mentira (Pv 13..5; 12.19); 3. Porque o mentiroso não entra no reino do céu (Ap 22.11); e 4. Porque o mentiroso vive sempre perturbando e não poderá fugir do castigo (Pv 13.3; 19.15). III) Consiste em ser inimigo do mal e amigo do bem. “... Aparte-se do mal e faça o bem...” 1. O caminho do mal é do ímpio e perece (Pv 4.19; Sl 1.6); 2. O caminho do bem é do cristão e permanece para sempre (Is 25.7; Sl 1.6); 3. O crente não deve só fugir do mal, mas sempre pagar o mal com o bem (Rm 12. 19,20); e 4. Praticar o bem e detestar o mal é uma elevada expressão do caráter cristão (I Pe 2.15). IV) Consiste em ser amigo da paz. “...Busque a paz e siga-a...” 1. Porque o cristão tem paz com Deus por Cristo Jesus (Rm 12.1); 2. Porque é dever do cristão viver em paz com todos os homens (Rm 12.1); 3. Porque o pacificador é filho de Deus e bem-aventurado (Mt 5.9); e 4. Porque Jesus Cristo é o Príncipe e doador da paz (Is 9.6; Jo 14.27); Conclusão: Diante do exposto, é nosso dever pôr em prática esses elementos ou normas para vivermos bem, por três motivos: 1. Porque assim agradamos ao Senhor e glorificamos o Seu santo nome; 2. Porque estaremos construindo nossa própria felicidade; e 3. Em terceiro e último lugar, porque faremos também a felicidade dos outros. Apelo: Aceite as normas da Palavra do Senhor e viva bem pois este segredo Deus te revelou hoje. Vantagens do sermão textual: 1. É profundamente bíblico; 2. Exige do pregador um conhecimento profundo das Escrituras; 3. Obriga o pregador a estudar constantemente a Bíblia; 4. É o que mais se presta ao doutrinamento dos cristãos; 5. É o que mais se adapta ao pregador de cultura mediana, mas com vasto conhecimento das Escrituras e de certos tratados teológicos; e 6. É muito mais apreciado pelo povo. O Sermão Expositivo Este tipo de sermão é mais indicado para ministração de palestras ou estudos, pois é muito rico em detalhes e, sendo assim, leva muito tempo para apresenta-lo. O mesmo tira da palavra de Deus os argumentos principais da exegese, expondo um trecho mais extenso. O Dr. C. W. Koleer, famoso professor de homilética, define o sermão expositivo com estes dois argumentos: 1. O sermão expositivo consiste da exposição mais aplicação e persuasão (argumentação e exortação). Uma exposição torna-se um sermão, e o mestre torna-se pregador, no ponto em que é feita uma aplicação ao ouvinte, com vistas a alguma forma de resposta, em termos de fé ou entrega. 2. O sermão expositivo extrai os seus principais pontos, ou o subtítulo dominante de cada ponto principal, do particular parágrafo ou capítulo do livro da Bíblia de que trata. J. Braga define o sermão expositivo como aquela mensagem em que uma porção mais ou menos extensa da escritura é interpretada em relação a um tema ou assunto. A maior parte do material deste tipo de sermão provem diretamente da passagem, e o esboço consiste em uma séria de idéias progressivas que giram em torno de uma idéia principal. Exemplo: Tema: “Dois tipos de cristão” Texto: Lc 10. 38-42 Introdução: Todos os cristãos são discípulos de Jesus, sendo salvos por sua divina graça; mas, nem todos são iguais. De fato, estudando as atitudes das duas discípulas de Betânea, Marta e Maria, a quem o Senhor amava e em cuja casa gostava de estar, descobrimos nelas dois tipos de cristão. Vejamos, pois, em face do texto, quais são estes tipos. Esboço/Divisão: I) Cristãos mais preocupados com o aspecto material da vida cristã do que com o espiritual – V 40. 1. Marta, não obstante ter sido uma boa crente, representa esse tipo de cristão. 2. Notemos que Marta provavelmente estava preparando uma refeição para o Senhor e seus discípulos – V 38. 3. Ou, talvez, após oferecer a refeição, tenha-se dedicado a outros trabalhos doméstico, aos quais deu mais importância do que ao aprendizado dos mistérios do reino de Deus, aos pés de Jesus – V 42. 4. Essa atitude arrastou Marta como também acontece com qualquer cristão, aos seguintes estados: a) Viver preocupado, “te preocupas com muitas coisas”. Queremos fazer diversos negócios ao mesmo tempo e preocupamo-nos com a possibilidade do prejuízo ou do fracasso. b) Viver ansioso, “Marta, estais ansiosa”. A ansiedade é fruto de alguma preocupação de ordem material ou moral, a falta de confiança na providência de Deus. Ela pode gerar graves distúrbios físicos com conseqüências fatais. c) Viver perturbado, “Marta, andas perturbada”. O cristão que coloca os valores materiais em primeiro plano em sua vida não pode deixar de ter perturbações, porque quase sempre confia em sua própria habilidade do que no Senhor, para solucionar seus problemas. d) Censurar os cristãos mais espirituais ou chamá-los de fanáticos, porque preocupam-se mais com as coisas do reino de Deus. “Senhor, não te importas de que minha irmã me deixe servir só?”. 5. Desse modo, os cristãos que andam assoberbados de serviços e negócios não dispõem de tempo: a) Para falar com o Senhor em oração; b) Para ler sua palavra e nela meditar; c) Para dar testemunho do poder salvador de Jesus; e d) Para ir a igreja ou tomar parte das atividades eclesiásticas. II) Cristãos que se preocupam mais com o aspecto espiritual da vida cristã do que com o material – V 42. 1. Maria sabia que era seu dever ajudar a irmã no serviço doméstico; entretanto, sentia que maior era o dever de ouvir e aprender de Jesus aquilo que ninguém poderia ensinar melhor do que Ele. 2. Os serviços domésticos, sempre ela os poderia fazer, mais ouvir a palavra da vida dos lábios de Jesus era raro. Por esse motivo, não queria perder tal oportunidade. Assim deve proceder todo cristão. 3. Não há prejuízo, mas somente lucro em pararmos em pouco as atividades materiais ou nossos negócios a fim de nos dedicarmos ao serviço e interesses do reino de Deus. 4. Os cristãos que submetem seus interesses aos de Jesus sempre: a) São espirituais; b) São fervorosos; c) Não tem preocupações obsessivas de ordem material; d) São confiantes na providencia e no amor de Deus; e) Tem paz e tranqüilidade de espírito; f) Tem satisfação e prazer em ser cristão; e g) Escolhem a melhor parte, que jamais lhes será tirada, e crescem na graça e no conheci mento de Jesus. Conclusão: A que tipo pertencemos nós? Se do tipo de Maria, somos bem-aventurados. Entretanto, não nos devemos orgulhar disso, mas persistir humildemente no mesmo caminho. Se, porém, somos do tipo de Marta, atendamos as advertências carinhosas do Senhor e mudemos de rumo para nossa felicidade e para glória de Seu nome. Apelo: Que o exemplo que pudemos ver nesta palavra nos faça refletir a partir de hoje para que nos voltemos à uma vida de cristãos bem sucedidos servindo a Deus, sabendo separar o devido tempo para o Senhor. Vantagens do sermão expositivo: 1. Unidade. Não é um mero comentário de textos bíblicos e, sim, uma análise pormenorizada e lógica do texto sagrado; 2. Presta-se melhor a exposição contínua de um livro bíblico inteiro ou de uma doutrina; 3. É de grande valor para o desenvolvimento do poder espiritual e da cultura teológica do pregador e de sua congregação; 4. Inclina-se mais a interpretação natural da Escrituras do que a alegórica; e 5. É o método mais difícil, apreciado pelos que se dedicam à leitura e ao estudo diário e constante da Bíblia. Biografia do autor deste material MATTOS, Edmar da Silva Pastor Presidente da Igreja Batista Plenitude do Espírito; Primeiro Secretário da COBRAIE – Convenção Brasileira de Igrejas Evangélicas; Palestrante na área teológica de Pentateuco, Homilética, Hermenêutica, Teologia Sistemática, Evangelhos e se aprimorando em outras; Data da primeira versão desta apostila: Fevereiro de 2002. Bibliografia SILVA, Severino Pedro da. Homilética: o pregador e o sermão: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 1992. VIRKLER, Henry A. Hermenêutica: Princípios e Processos de Interpretação Bíblia – Traduzido do original em inglês por Luiz Aparecido Caruso: Editora Vida, 1987. SILVA, Plínio Moreira da. Homilética: A Eloqüência da Pregação: Curitiba A.D. Santos Editora, 1999. REIFLER, Hans Ulrich. Pregação ao alcance de todos: Edições Vida Nova - São Paulo, 1999.