Sintonia do Amor

EDITORIAL: Dia do Ministro de Música Batista em 2020

Louvor, adoração… Entre duas dimensões! 

Perguntas surgem diante de mim: O meu louvor é pra quem e por quê? Vivo na prática esta “adoração” e “louvor” ou só toco e canto para a igreja assistir?

Compreendo plenamente os reais significados destas duas palavras tão comuns?

Examinando as Escrituras em João capítulos 3 e 4 com um olhar mais atento, encontramos um homem que conhecia, e muito bem, teoricamente a Palavra de Deus mas que tinha medo de se expor e não compreendia as profundas verdades de Deus. Um verdadeiro cumprimdor de suas tarefas religiosas legalistas.

No outro lado dessa narrativa encontramos uma mulher que estava no lugar e hora certa, sem medo de ser feliz, porém um pouco confusa quanto aos ensinamentos que recebera mas desejosa e disposta a encontrar esclarecimento.

Na dimensão humana, dentro da esfera de um culto racional, predomina o medo, o legalismo, o orgulho, o pecado, o julgamento, predefinições errôneas a respeito de Deus, o pessimismo religioso e outras coisas tão nocivas quanto estas. Já na dimensão divina, acessível ao homem pelo incomparável amor de Deus, onde tudo e todos têm sua origem e convergem para Cristo Jesus (Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém. Romanos 11:36).

Há uma música do grupo “Quatro Por Um” chamada “Adorar a Deus” que logo no início encontramos as seguintes expressões: “há um caminho para adoração”; “há uma porta que tem que se abrir”; “abrir os meus olhos espirituais”; “existem vontades que têm que morrer”. Linda é esta letra e música! Porém temos visto que há uma distância gigantesca entre o que cantamos e o que vivemos!

Você poderia me questionar quanto a esta afirmação. Como posso ter tanta certeza? Sim. Tenho certeza. E você mesmo junto comigo também pode confirmar observando o pecado que está esfriando cada vez mais a igreja (Mt 24:12). Descomprometimento de muitos crentes diante das verdades bíblicas vivendo numa apatia e apostasia como nunca vista antes.

Vislumbrando este quadro, chego a seguinte conclusão: Preciso urgentemente expurgar completamente de minha vida a religiosidade (Cristo não é religião); compreender clara e perfeitamente quem é Deus e quem sou diante Dele para que assim o meu louvor e adoração não seja simplesmente a junção de letras que emocionam, notas, ritmos, acordes e solos bem executados resultado de muitas horas dedicadas aos ensaios!

Preciso trazer a PALAVRA pra dentro de mim e viver a mesma na plenitude do Espírito de Deus. Preciso viver na verdade Bíblica e rejeitar tudo, absolutamente tudo o que Deus reprova e abomina, fugindo inclusive da aparência do mal.

Só assim, somente assim, afirmo (me baseando na nossa única regra de fé e prática - A Bíblia Sagrada); nosso louvor e adoração serão perfeitos aos olhos DELE e assim a igreja será o sal e a luz que o mundo tanto precisa.

O JESUS MERCADOLÓGICO



É inevitável constatar a “metamorfose” sofrida por Jesus Cristo nos últimos tempos. A “nova roupagem” investida, principalmente, por “neopentecostais” e suas “teologias”, bem como concepções neoliberais aceitas por grande parte da sociedade hodierna, tendem a transformar inteiramente a imagem e o significado do Mestre, tornando-o mais atrativo, mais agradável e mais aceitável às “necessidades” (leia-se, interesses) do mundo contemporâneo. E o resultado de tudo isso é uma transformação estrondosa promovida pelos maiores “marchands” e “marchandes” espirituais, verdadeiros profissionais religiosos.  Fruto da “pesquisa de mercado”, a mensagem central do Verdadeiro Jesus deixou de ser a salvação, a renúncia e a obediência, para se tornar somente em promessas de prosperidade, libertação e cura, do Jesus mercadológico.  Não que O Verdadeiro Jesus não opere isso na vida das pessoas. Pelo contrário. Mas, para que tais bênçãos sucedam, é preciso observar as condições para que as mesmas aconteçam. E, certamente, tais condições – que precedem as bênçãos, não é a sua carteira ou conta bancária. Nós, seres humanos falhos e pecadores não temos a mínima condição que seja de barganhar absolutamente nada com O Senhor. Tais bênçãos são frutos da Sua Graça, e de graça, mediante a fé em Deus e em Seu Filho, Jesus Cristo, bem como a observância e prática da Doutrina exposta por Ele, O Verdadeiro Jesus, em Sua Palavra, ou seja, a Bíblia. Mas o que “marchands” e “marchandes” fazem é retirar o texto de seu contexto transformando-os em pretextos para seus delírios interpretativos e, consequentemente, o direcionamento para seus interesses pessoais, fruto da exploração da ignorante fé de quem os seguem. Imagino como seria a caricatura do Jesus mercadológico: em vez da túnica, um Black Tie. No lugar de uma vida itinerante, um luxuoso palácio. Em vez de andar a pé, uma Ferrari à sua disposição. Em vez da figura do “servo sofredor” (cf. Isaías 53), uma impactante imagem do mais imponente e próspero dos homens. Enfim, um pop-star sempre pronto a te dar tudo conforme a vontade do ser humano, e não conforme a Vontade de Deus para o ser humano. E tal fascínio provocado pela imagem do Jesus mercadológico tem arrebatado multidões. A ideia de que para ser feliz completamente passa somente pelas bem-aventuranças sem que sejam observadas suas precedências, fruto única e exclusivamente de uma sociedade neoliberal e de teologias neopentecostais, em detrimento da observância e prática do verdadeiro evangelho, tem cegado a muitos. A mudança de foco é gritante! Deixou de ser “o que Jesus pode fazer em mim e por mim” para “o que Jesus pode fazer para mim”. Consequentemente, a expectativa também foi alterada. Em vez de “o que Deus quer e espera de mim” passou a ser “o que eu quero e espero de Deus”. Jesus deixou de ser O Senhor da humanidade para ser o servo da humanidade. Não, meus irmãos e irmãs.  O foco da Mensagem do Verdadeiro Jesus não é essa. A Mensagem do Evangelho é a do reconhecimento por parte do ser humano, através da ação do Espírito Santo, de que é pecador, crer e confessar que Jesus Cristo (O Verdadeiro) é Senhor Único e Salvador Absoluto de suas almas. Este é o maior milagre de todos, a transformação completa do ser humano operada pelo Poder de Deus, em Jesus Cristo, em nossas vidas! É uma obra redentora! Aleluia! Não há mal nenhum em ser bem-sucedido na vida. Mas isso não deve se estabelecer como o principal a ser buscado pelo homem. O conceito de “prosperidade”, para Deus, é muito mais da Sua Presença, da Sua Graça, do Seu Poder e da Sua Misericórdia na vida daqueles que verdadeiramente o amam e temem.
“Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo” (Colossenses 2.8).


Texto de: Mauricio Pasche (Pastor Batista e Teólogo).